O fim-de-semana foi de celebração no Palácio de Belém e, já a fechar o último dia da "Festas do Livro", Marcelo Rebelo de Sousa deu uma entrevista à TVI, onde falou sobretudo sobre a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e de impostos, um tema que esteve, também este fim-de-semana, em destaque na Universidade de Verão do PSD, onde o Presidente da República também marcou presença.

Ao contrário de Luís Montenegro, porém, Marcelo não considera possível uma redução de impostos, pelo menos para já: mesmo com folga orçamental, e havendo um "apelo social muito grande", é preciso prudência. "Nós crescemos zero no segundo trimestre deste ano", lembrou o Presidente da República. Confirma-se?

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em síntese de 31 de agosto a propósito das contas nacionais trimestrais, o Produto Interno Bruto (PIB), em termos reais, registou uma variação homóloga de 2,3% no segundo trimestre de 2023 (2,5% no trimestre anterior).

"O contributo positivo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB diminuiu para 1,4 pontos percentuais (p.p.) (2,4 p.p. no trimestre precedente), observando-se uma desaceleração das Exportações de Bens e Serviços em volume mais acentuada que a das Importações de Bens e Serviços", explica o INE.

No segundo trimestre, "o deflator das importações registou uma taxa de variação homóloga negativa, reduzindo-se significativamente face ao observado no trimestre anterior, determinando um aumento expressivo dos ganhos dos termos de troca, apesar do abrandamento do deflator das exportações". Por sua vez, "o contributo positivo da procura interna para a variação homóloga do PIB aumentou, passando de 0,1 p.p. no 1º trimestre de 2023, para 1,0 p.p., verificando-se uma redução menos pronunciada do investimento e um ligeiro abrandamento do consumo privado".

É em comparação com o primeiro trimestre de 2023 que percebemos o "crescimento a zero" de Marcelo: de facto, o PIB registou mesmo "uma taxa de variação nula, após um crescimento em cadeia de 1,6% no trimestre anterior". Para mais, "o contributo da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB foi negativo no segundo trimestre (-0,4 p.p.), após ter sido positivo no 1º trimestre (2,3 p.p.), em consequência da diminuição das exportações, enquanto o contributo da procura interna foi positivo, passando de -0,7 p.p. no primeiro trimestre para +0,4 p.p., refletindo a aceleração do consumo privado e uma diminuição menos intensa do investimento."

Já em julho deste ano, economistas da Universidade Católica estimavam que a economia portuguesa registasse uma variação nula em cadeia no segundo trimestre do ano: "Ponderando os vários indicadores disponíveis, o NECEP [Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa] estima que a economia portuguesa tenha estagnado (0,0%) no segundo trimestre, permanecendo num nível equivalente a 104.4% do referente ao quarto trimestre de 2019, o último período normal antes da pandemia. Este cenário central corresponde a um crescimento homólogo de 2,3%."

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