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Marcelo, que diz agora que não fala sobre os constrangimentos no INEM, comentou problemas semelhantes durante o Governo PS?

Sociedade
O que está em causa?
A eleição de um Governo (à direita) não deu a Marcelo Rebelo de Sousa o descanso que o Presidente da República pedia. Agora, o escrutínio implacável das redes sociais expõe as diferenças entre o Chefe de Estado do PSD/CDS-PP e o do PS, nomeadamente no que diz respeito às notícias mais recentes sobre as mortes provocadas pela demora da emergência médica.
© Filipe Amorim/Lusa

“Grávida faz 200 km em 2023: ‘Erro muito grave, é preciso apurar responsabilidades’; Seis mortes ligadas a falhas na emergência médica em 2024: ‘Eu não falo sobre essas coisas'”, aponta um “tweet” que recorre a dois vídeos de Marcelo. Mas será que as reações do Presidente nos dois casos foram assim tão distintas?

A 16 de janeiro de 2023, António Costa era Primeiro-Ministro e Manuel Pizarro ministro da Saúde, uma grávida de oito meses, de Torres Vedras, foi encaminhada por engano para o Hospital de Abrantes, com as urgências de obstetrícia encerradas, e acabou por fazer mais de 200 Kms até ser internada em Santarém. No dia seguinte, Marcelo dizia: “Não é um caso que seja positivo, é muito negativo para o Serviço Nacional de Saúde e para o sistema de saúde em geral, é verdade. Que há erros, que há lapsos e que se tem de apurar o que aconteceu, para se for caso disso responsabilizar quem deve ser responsabilizado, é fundamental.” Na sua opinião, “um erro de 200 quilómetros é um erro muito grande, mas podia não ser 200 quilómetros, podiam ser 30, 40 ou 50, era um erro. Melhorar passa por reconhecer humildemente que se falha e, quando se falha, corrigir, apurar e responsabilizar”.

Avancemos para dia 6 de novembro, quando casos de morte por atraso de assistência médica (fruto de greve dos tripulantes) começaram a ser noticiados: “Após mais três mortes, INEM quer avançar para a triagem automática excepcional”, escreveu o jornal “Público“. Um dia depois, a conta subia para sete vítimas mortais.

Com o cenário a piorar, Marcelo escolheu, desta vez, ser cauteloso nas palavras. É preciso, primeiro, entender que os atrasos (e as mortes) ainda estão a ser investigados e que não há, neste momento, tanta informação quanto havia no caso da grávida, em 2023. Posto isto, disse o Presidente: “Eu não gosto de falar de problemas específicos da governação ou da administração pública, mesmo quando são muito urgentes ou muito prementes, como é o caso do INEM. Têm picos de maior incidência na vida das pessoas. Mas naturalmente entendo que é muito importante sempre que se tenha presente que a administração pública tem como função servir as pessoas, servir os cidadãos. Há situações extremas, mais graves e mais complexas em que isso é muito premente.”

Perante a insistência dos jornalistas, o Presidente concluiu: “Não posso estar a pronunciar-me sobre o que está em curso. O que posso desejar é que se encontre a melhor solução a pensar nos portugueses e nas portuguesas que têm problemas de saúde e de emergência (…) Convém encontrar soluções que permitam ultrapassar os obstáculos. Não vou pronunciar-me sobre casos concretos. Isso é aquilo que, a todo o momento, todos os que têm responsabilidades administrativas e políticas são chamados a tentar resolver. Os problemas multiplicam-se e agravam-se com o tempo e é urgente encontrar respostas rápidas para eles.”

Em suma, é verdade que Marcelo, que diz agora que não fala sobre os constrangimentos no INEM, comentou problemas semelhantes durante o Governo socialista. No entanto, a montagem divulgada no X é tendenciosa: elimina a parte em que Marcelo admite que existem problemas e que deseja que sejam encontradas soluções.

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Avaliação do Polígrafo:

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