O primeiro jornal português
de Fact-Checking

Marcelo defendeu “há apenas quatro anos” que “os Presidentes da República não devem recandidatar-se”?

Facebook
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
"Palavra dada, palavra honrada", ironiza-se em publicação que está a propagar-se nas redes sociais, baseada na imagem de Marcelo Rebelo de Sousa e a seguinte mensagem: "Marcelo defendeu há apenas quatro que os Presidentes da República não devem recandidatar-se". Verdadeiro ou falso?

“Vamos ver se vai honrar a palavra, ou se fará como o seu amigo Costa faz habitualmente”, acrescenta-se na mesma publicação, sugerindo assim que Marcelo Rebelo de Sousa de algum modo terá assegurado que não se recandidataria à Presidência da República.

Confirma-se que “há apenas quatro anos” defendeu que “os Presidentes da República não devem recandidatar-se”?

A questão da data não é irrelevante, desde logo porque há cerca de quatro anos, precisamente, Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito para o cargo de Presidente da República, à primeira volta das eleições, com 52% dos votos, no dia 24 de janeiro de 2016.

Ora, se Rebelo de Sousa tivesse defendido que “os Presidentes da República não devem recandidatar-se” numa altura em que já estava a desempenhar essas mesmas funções de Presidente da República, o peso político e de compromisso pessoal com essa hipotética afirmação seria mais elevado. Desde logo porque estaria a referir-se explicitamente a si próprio, enquanto Presidente da República incumbente.

Mas a verdade é que esta publicação baseia-se em declarações que foram proferidas por Rebelo de Sousa no dia 26 de janeiro de 2014, no âmbito do seu programa de comentário político no “Jornal das 8 da TVI, enquanto fazia o balanço de oito anos de mandato presidencial de Aníbal Cavaco Silva. “Dez anos para um Presidente é muito tempo“, defendeu então, sublinhando também que “sujeitar um Presidente a uma reeleição nunca é positivo“.

Em vez de dois mandatos, o comentador político – que viria a vencer as eleições presidenciais de 2016 – defendia uma revisão constitucional que tornasse o mandato presidencial único, mas mais longo – “de seis ou sete anos“, afirmou.

Concluindo, as declarações em causa foram proferidas há seis anos e não “há apenas quatro anos”. E foram proferidas quando Rebelo de Sousa ainda era comentador político numa estação de televisão, além da sua atividade de docente na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e não quando já desempenhava o cargo de Presidente da República.

***

Nota editorial 1: A avaliação deste fact-check foi atualizada  de “Impreciso” para “Verdadeiro” no dia 28 de Junho às 21h44, depois de termos sido alertados por um leitor sobre a dissonância relativamente à avaliação que fizemos a outro meme do mesmo teor. Foi um equívoco óbvio, pelo qual endereçamos aos leitores as nossas desculpas.

Nota editorial 2: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Misto: as alegações do conteúdo são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou incompleta.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

 

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Com o objetivo de dar aos mais novos as ferramentas necessárias para desmontar a desinformação que prolifera nas redes sociais que mais consomem, o Polígrafo realizou uma palestra sobre o que é "o fact-checking" e deu a conhecer o trabalho de um "fact-checker". A ação para combater a desinformação pretendia empoderar estes alunos de 9.º ano para questionarem os conteúdos que consomem "online". ...
Após as eleições, o líder do Chega tem insistido todos os dias na exigência de um acordo de Governo com o PSD. O mesmo partido que - segundo disse Ventura antes das eleições - não propõe nada para combater a corrupção, é uma "espécie de prostituta política", nunca baixou o IRC, está repleto de "aldrabões" e "burlões" e "parece a ressurreição daqueles que já morreram". Ventura também disse que Montenegro é um "copião" e "não está bem para liderar a direita". Recuando mais no tempo, prometeu até que o Chega "não fará parte de nenhum Governo que não promova a prisão perpétua". ...

Fact checks mais recentes