“Vamos ver se vai honrar a palavra, ou se fará como o seu amigo Costa faz habitualmente”, acrescenta-se na mesma publicação, sugerindo assim que Marcelo Rebelo de Sousa de algum modo terá assegurado que não se recandidataria à Presidência da República.
Confirma-se que “há apenas quatro anos” defendeu que “os Presidentes da República não devem recandidatar-se”?
A questão da data não é irrelevante, desde logo porque há cerca de quatro anos, precisamente, Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito para o cargo de Presidente da República, à primeira volta das eleições, com 52% dos votos, no dia 24 de janeiro de 2016.
Ora, se Rebelo de Sousa tivesse defendido que “os Presidentes da República não devem recandidatar-se” numa altura em que já estava a desempenhar essas mesmas funções de Presidente da República, o peso político e de compromisso pessoal com essa hipotética afirmação seria mais elevado. Desde logo porque estaria a referir-se explicitamente a si próprio, enquanto Presidente da República incumbente.
Mas a verdade é que esta publicação baseia-se em declarações que foram proferidas por Rebelo de Sousa no dia 26 de janeiro de 2014, no âmbito do seu programa de comentário político no “Jornal das 8“ da TVI, enquanto fazia o balanço de oito anos de mandato presidencial de Aníbal Cavaco Silva. “Dez anos para um Presidente é muito tempo“, defendeu então, sublinhando também que “sujeitar um Presidente a uma reeleição nunca é positivo“.
Em vez de dois mandatos, o comentador político – que viria a vencer as eleições presidenciais de 2016 – defendia uma revisão constitucional que tornasse o mandato presidencial único, mas mais longo – “de seis ou sete anos“, afirmou.
Concluindo, as declarações em causa foram proferidas há seis anos e não “há apenas quatro anos”. E foram proferidas quando Rebelo de Sousa ainda era comentador político numa estação de televisão, além da sua atividade de docente na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e não quando já desempenhava o cargo de Presidente da República.
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Nota editorial 1: A avaliação deste fact-check foi atualizada de “Impreciso” para “Verdadeiro” no dia 28 de Junho às 21h44, depois de termos sido alertados por um leitor sobre a dissonância relativamente à avaliação que fizemos a outro meme do mesmo teor. Foi um equívoco óbvio, pelo qual endereçamos aos leitores as nossas desculpas.
Nota editorial 2: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Misto: as alegações do conteúdo são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou incompleta.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é: