Os cartazes do Chega que colocam, lado a lado, Luís Montenegro e José Sócrates junto às palavras “50 anos de corrupção, é tempo de dizer chega” motivaram o Primeiro-Ministro a interpor uma providência cautelar contra o partido de André Ventura.
O tema tem estado no centro da discussão política dos últimos dias e levou um utilizador no TikTok a partilhar um outro cartaz, alegadamente do PSD Seixal, onde surge a figura do ditador chinês Mao Tse Tung com as palavras “Depois de 45 anos a comer arroz vais votar nos mesmos de sempre? Mao, mao, maria”.
O autor da publicação questiona ainda se “comentecos” e a “jornaleirada” se esqueceram deste cartaz. Mas será que se trata de um cartaz verdadeiro e que motivou algum processo?
Sim. Trata-se de um cartaz de propaganda política que esteve espalhado pelas ruas do Seixal antes das últimas eleições autárquicas, em 2021.
Uma fotografia do cartaz foi partilhada, inclusivamente, pelo próprio PSD Seixal nas suas redes sociais na altura. A campanha contava ainda com cartazes que incluíam figuras como Nicolás Maduro, Estaline, entre outros.
A campanha fazia referência ao facto de a Câmara Municipal do Seixal ter sido comunista desde 1976, quando aconteceram as primeiras eleições autárquicas.
O cartaz com a figura de Mao Tse Tung, na altura, também gerou polémica e levou a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CIDR) a instaurar um processo contra Bruno Vasconcelos, candidato do PSD ao Seixal, como noticiou o “Jornal I”, na sequência de duas denúncias sobre o cartaz. A CIDR considerou o cartaz discriminatório contra o povo chinês e “um ato xenófobo”.
O candidato considerou, ao mesmo jornal, que a acusação não tinha “qualquer sentido”. “No limite tem a ver com a população do Seixal, que em 45 anos vota nos mesmos de sempre”, explicou ao “Jornal I”.
Já em 2022, de acordo com a revista “Sábado”, depois de Bruno Vasconcelos ter sido questionado pela CICDR e de as denúncias terem sido enviadas para a Comissão Nacional de Eleições, as queixas acerca do cartaz acabaram por ser arquivadas. As explicações do candidato de que os cartazes se tratavam de uma “crítica política” à governação comunista foram aceites pela CICDR e, de acordo com a instituição, citada pela “Sábado”, não podia ser “imputada qualquer prática discriminatória” à candidatura de Bruno Vasconcelos.
Confirma-se, portanto, que o cartaz do PSD que inclui a figura de Mao Tse Tung é verdadeiro e motivou a CIDR a processar Bruno Vasconcelos, candidato do partido social-democrata à Câmara do Seixal.
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