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Madeira. Ventura disse que saída de Albuquerque era condição para viabilizar programa do Governo mas três dos seus quatro deputados na região abstiveram-se?

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Em maio, André Ventura, líder nacional do partido Chega, afirmou categoricamente que não deveria haver apoio ao PSD de Miguel Albuquerque devido a suspeitas de corrupção. No entanto, na recente votação do programa do Governo Regional da Madeira, três dos quatro deputados do Chega abstiveram-se, contrariando a orientação nacional.
© Homem de Gouveia/Lusa

A aparente contradição em que o Chega se vê, mais uma vez, envolvido começa em maio deste ano, quando, ao Jornal Económico, o líder do partido, André Ventura, garantiu que não deveria existir apoio ao PSD de Miguel Albuquerque se este se mantivesse na liderança do partido na região depois das suspeitas de corrupção.

“O Chega, na minha opinião enquanto presidente do partido, não deve apoiar este PSD com Miguel Albuquerque à frente e deve fazer todo o possível para que o PSD indique outro presidente do Governo regional que não esteja envolvido em nenhum caso que levanta dúvidas muito fundadas e claras sobre a gestão do dinheiro da Madeira”, disse Ventura, que acrescentou ainda que, se fosse ele o líder parlamentar, a sua indicação seria “votar contra o programa de Governo”. As suas declarações foram claras, mas naturalmente não veiculavam as do líder do partido na Madeira, que acabou por convencer três de quatro deputados a absterem-se na votação do programa do Governo, esta quinta-feira.

O líder do Chega/Madeira, Miguel Castro, comentou no mesmo dia o facto de Magna Costa, deputada regional do Chega, ter votado contra, dizendo que esta “anda completamente desalinhada”. A teoria de Magna Costa está longe de ser a mesma: anda, aliás, bastante “alinhada”, só que com o Chega nacional. “De repente parece que as coias mudaram e eu fiz o papel da pessoa que teria de cumprir com a palavra, que era voto contra. Não houve qualquer incompatibilidade em relação àquilo que foi a minha votação, que foi de acordo com a orientação nacional e daquilo que nós defendemos desde o início”, justificou Costa.

O que é certo é que o Parlamento madeirense conseguiu aprovar, à boleia do Chega, o Programa do XV Governo Regional com votos favoráveis do PSD, do CDS-PP e do PAN, votos contra do PS, do JPP e da deputada do Chega Magna Cost e quatro abstenções, três do Chega e uma da IL.

Em suma, a abstenção dos três deputados do Chega/Madeira não vai de encontro às diretrizes nacionais dadas por André Ventura dois meses antes, mas tampouco pode ser considerada uma total contradição. Afinal, Ventura já alertava para o facto de estar a falar enquanto presidente do partido e não por Miguel Castro, presidente do Chega na região autónoma.

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