“Em França, o liberal Macron nacionalizou a EDF, adquirindo a totalidade do capital da empresa em 2023. Justificação: fortalecer a independência energética nacional e facilitar projetos de longo prazo”, escreveu João Ferreira, atual vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa, em publicação no X/Twitter já na madrugada de 29 de abril.
Na sequência do “apagão” de eletricidade que afetou ontem (28 de abril) os territórios de Portugal, Espanha e Sul de França, o dirigente do PCP procurava assim realçar o contraste em relação a Portugal, onde tanto a REN – Redes Energéticas Nacionais como a EDP – Energias de Portugal foram privatizadas no período de assistência financeira da Troika, em 2013.
De facto, o Governo da França, sob a Presidência de Emmanuel Macron, iniciou em outubro de 2022 um processo de nacionalização total da empresa EDF – Électricité de France, adquirindo todas as ações na posse de privados por um valor global de 9,7 mil milhões de euros.
No entanto, importa ter em atenção que o Estado francês já detinha 84% do capital social da empresa. Mais elementos de contexto: a situação de sobreendividamento da empresa foi um dos motivos apontados pelo Governo francês; assim como a crise energética em curso na Europa, poucos meses depois da invasão da Ucrânia por forças militares da Rússia; além de reforçar a independência energética, voltando a investir na energia nuclear através da construção de seis novos reatores.
Uma minoria de acionistas privados da EDF ainda contestou os termos da nacionalização num tribunal de recurso, mas a decisão acabou por ser favorável ao Governo e o processo avançou definitivamente em maio de 2023.
Apesar dos vários elementos de contexto que devem ser tidos em atenção, o facto é que a alegação em causa de Ferreira tem fundamento.
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