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Luís Montenegro: “No conjunto, os 23 Estados-membros da UE que fazem parte da NATO já investem mais de 2% do seu PIB na Defesa”

Política
O que está em causa?
O Primeiro-Ministro reiterou o compromisso de atingir o objetivo de investir 2% do PIB no setor da Defesa em 2029, um ano antes do que estava programado; ao lado do secretário-geral da NATO, Mark Rutte, o qual fez questão de avisar que essa meta dos 2% foi traçada há uma década e já "não serão suficientes para enfrentar os desafios do amanhã".
© EPA / Miguel A. Lopes

Após uma reunião de trabalho em Lisboa com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Mark Rutte, em conferência de imprensa conjunta, o Primeiro-Ministro lembrou ontem que na última Cimeira de Washington, em julho de 2024, Portugal anunciou a antecipação de 2030 para 2029 do compromisso de atingir 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em despesa no setor da Defesa. “O que significa um esforço financeiro grande“, sublinhou Luís Montenegro, assegurando “o forte compromisso do Governo e das demais forças políticas, em particular do principal partido da oposição em salvaguardar este trajeto”.

Sob o olhar atento de Rutte, o Primeiro-Ministro revelou que Portugal está mesmo disponível “para antecipar ainda mais o calendário de evolução do investimento, o que dependerá muito do que formos capazes de fazer internamente”. Nesse âmbito ressalvou porém que “não estamos sozinhos” e “teremos de conformar este caminho com as perspetivas da Aliança Atlântica e da União Europeia”. Algo que, na sua perspetiva, “deve passar por mecanismos que envolvam capacidade de financiamento e alavancagem dos investimentos em Defesa, que vão ter de ser acelerados, e pela concertação relativamente à estratégia e à localização dos investimentos. Será um erro duplicar investimentos”.

Para Montenegro, “a questão” do investimento na Defesa “não é apenas da NATO, a questão também é da Europa. De como é que nós podemos salvaguardar as nossas economias e o nosso projeto comum, o nosso mercado interno desde logo e também os nossos desafios comuns”.

Nesse sentido, o Primeiro-Ministro destacou: “Nós hoje podemos dizer aos nossos parceiros e em particular aos Estados Unidos que, no conjunto, os 23 Estados-membros da União Europeia que fazem parte da NATO já investem mais de 2% do seu Produto [Interno Bruto] na Defesa.”

Esta alegação tem fundamento?

De acordo com os últimos dados da NATO, referentes a 2023 e ainda em forma de estimativas, os 22 Estados-membros da NATO que integravam a União Europeia, em conjunto, despenderam cerca de 1,97% do respetivo PIB no setor da Defesa.

Esta média geral, porém, engloba realidades muito díspares: países como o Luxemburgo (1,o1% do PIB), Bélgica (1,21%), Espanha (1,24%) ou Portugal (1,48%) gastaram muito menos, em proporção do PIB, do que outros países da União Europeia como a Polónia (3,92%), Grécia (3,05%), Estónia (2,89%) ou Lituânia (2,75%).

No entanto, Montenegro referiu-se aos 23 Estados-membros da NATO que fazem parte da União Europeia, abrangendo a Suécia que só aderiu à NATO em Março de 2024. Nesse mesmo ano de 2024, a Suécia atingiu 2,2% do PIB em investimento na Defesa – o que resulta num aumento da média geral dos países da União Europeia para cerca de 1,98%.

Uma percentagem muito próxima de 2%, sendo aliás muito provável que tenha superado essa fasquia em 2024, pois a generalidade dos países da União Europeia aumentou os gastos em Defesa nesse ano, ao passo que o crescimento do PIB nesses mesmos países foi diminuto.

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Avaliação do Polígrafo:

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