“É preciso ter mais pujança económica, é preciso ter melhores serviços públicos, é preciso ter melhores políticas de habitação, é preciso ter melhores políticas de conciliação entre a vida pessoal e a vida profissional, para os jovens ficaram cá”, considerou, ao início desta tarde (7 de março), Luís Montenegro, em discurso proferido no contexto de um almoço com empresários em Gondomar.
Além de todos os fatores que elencou, o líder da Aliança Democrática (AD) acrescentou que “também é preciso ter menos impostos, para eles terem mais rendimento e poderem iniciar a sua vida” – aludindo, assim, a uma medida que consta no programa eleitoral da AD que prevê o “IRS Jovem até 15% para os jovens até aos 35 anos”.
Tudo isto com vista a que estes jovens possam “sair de casa mais cedo, não esperar pelos 34 anos, que é a [idade] média dos jovens portugueses para saírem de casa e se tornarem autónomos”, concluiu.
Confirma-se que é mesmo essa a idade média de saída, dos jovens portugueses, da casa dos pais?
De acordo com os últimos dados do Eurostat, serviço de estatísticas da União Europeia, verifica-se que tal alegação até estaria correta no ano de 2021, quando a idade média total ascendia aos 33,6 anos. Era, de facto, o país do bloco europeu onde os jovens saíam mais tarde de casa dos pais, segundo as estimativas do Eurostat.
Porém, existem dados mais atualizados, referentes a 2022. Ano em que Portugal registou uma diminuição nesse indicador, que passou a fixar-se no valor médio de 29,7 anos. O país figurava, então, na 8.ª posição desta tabela, sendo apenas superado pelos seguintes países: Croácia (33,4 anos), Eslováquia (30,8 anos), Grécia (30,7 anos), Bulgária (30,3 anos), Espanha (30,3 anos), Malta (30,1 anos) e Itália (30 anos).
De notar, ainda assim, que permanecia acima da média total da União Europeia que, em 2022, era de 26,4 anos, tendo em consideração os 27 Estados-membros.
Ao Polígrafo, a direção de campanha da AD explicou que, no discurso em causa, “Luís Montenegro referia-se ao pico da idade média de saída dos jovens portugueses” de casa dos pais – “em 2021, cerca de 34 anos”. E acrescentou a mesma fonte: “Ainda que, em 2022, a idade média seja de 29,7 anos, continua a ser acima da média da UE, e esta era a mensagem principal da intervenção.”
Porém, faltou esta indicação mais específica no momento em que a afirmação foi proferida, em Gondomar, com base em dados que estão desatualizados.
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Avaliação do Polígrafo: