Passou os domingos dos últimos anos a comentar a vida política e os seus intervenientes para “analisar os factos da atualidade e tentar esclarecer as pessoas”. Agora, volta a lutar por um lugar nesta esfera, com uma candidatura à Presidência da República. Luís Marques Mendes despediu-se no último domingo da SIC para entrar na corrida a Belém.
“Tomei esta decisão porque acho que, depois da reflexão que fiz, de ouvir muita gente, que podia ser útil para o país”, disse Marques Mendes nesse espaço.
No entanto, há oito anos o antigo líder do PSD- entre 2005 e 2007- disse que não tencionava regressar à política. Existe contradição?
Depois ter vindo a público que Marques Mendes seria candidato à Presidência, publicações nas redes sociais recordam declarações do antigo líder do PSD numa entrevista ao “Jornal Económico”, em dezembro de 2016.
Na entrevista em questão, Luís Marques Mendes abordou a sua condição enquanto comentador político, deixando claro que o exercício dessa função não podia coincidir com a atividade política. “Só pode fazer comentário político quem não tem agenda política. Eu já tive uma agenda no passado, mas deixei de ter. Eu já estive na vida política, mas já deixei de estar e a ela não tenciono regressar“, referiu.
De acordo com o “Jornal Económico”, esta entrevista aconteceu depois de o antigo líder do PSD ter sido acusado de utilizar o espaço de comentário semanal na SIC “com objetivos pessoais e uma agenda política”.
Em 2020, o comentador voltou a validar essa ideia numa entrevista ao jornal “Público”, ao garantir que ser Presidente da República não estava “minimamente” nas suas “prioridades, ideias, ambições ou horizontes“.
Apesar das respostas anteriores, Marques Mendes continuou a ser questionado sobre a possibilidade de entrar na corrida a Belém de 2026. Na 18º. edição da Universidade de Verão do PSD, em 2022, o comentador foi questionado sobre se iria seguir os passos de Marcelo Rebelo de Sousa, que saltou do comentário para a Presidência da República. “Repetindo pela enésima vez, embora alguns achem que isto não é genuíno, mas é: não está nas minhas ambições, nos meus propósitos, nos meus objetivos de futuro qualquer candidatura, seja essa, seja a outro cargo qualquer”, afirmou.
Mais recentemente, a 15 de agosto de 2023, Luís Marques Mendes voltou a recusar o regresso à vida política. “A minha vida partidária acabou há 16 anos”, disse o social-democrata na Festa do Pontal do PSD.
Mas menos de duas semanas depois dessa declaração, Marques Mendes deixou de descartar a corrida a Belém, admitindo a candidatura caso esta trouxesse utilidade ao país. “Se um dia achar que, com uma candidatura à Presidência da República, posso ser útil ao país, que é isso que conta, ter utilidade para o país, tomarei essa decisão“, declarou no seu habitual espaço de comentário na SIC.
Já no ano passado, a 29 de agosto, Marques Mendes prometeu falar dali a uns meses sobre a candidatura presidencial. “Talvez esteja mais próximo do que nunca de tomar uma decisão. Talvez não tenha estado nunca tão próximo de uma decisão. Primeiro porque as eleições presidenciais estão mais próximas, são distantes, mas menos distantes que há um ano“, afirmou.
Na sexta-feira, 31 de janeiro, o jornal “Expresso” confirmou que Marques Mendes vai ser candidato à Presidência da República. A candidatura foi oficializada em Fafe, sua terra-natal, dia 6 de fevereiro, esta quinta-feira, com quase um ano de antecedência das eleições.
Defendendo como três pilares principais da candidatura a ambição, estabilidade e ética, Marques Mendes acredita que a experiência” o possa ajudar nesta eleição por “trazer segurança e previsibilidade”. “Vou avançar com total confiança”, assume.
Conclui-se, portanto, que Luís Marques Mendes mudou de ideias relativamente a uma candidatura a Belém.
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