“É evidente que não me sinto responsável pela demissão do Primeiro-Ministro”. A declaração foi uma das mais fortes da entrevista de ontem à noite que Lucília Gago, procuradora-geral da República, deu à RTP. Segundo Gago, o que Costa fez foi uma “avaliação pessoal e política”, sendo que “poderia continuar a exercer as suas funções” como, exemplificou, aconteceu com Ursula von der Leyen e com Pedro Sánchez. “Não é automático que a instauração de uma investigação tenha como consequência uma demissão”, defendeu ainda.
Sendo certo que tanto Von der Leyen como Sánchez passaram por períodos críticos no mandato, a comparação não pode ser classificada como inteiramente verdadeira.
Sim, Von der Leyen está a ser investigada pela procuradoria europeia na sequência do “Pfizergate”, uma investigação que, segundo o “Politico“, quer apurar se existiu “interferência em funções públicas, destruição de SMS, corrupção e conflito de interesses” nas negociações de vacinas entre a presidente da Comissão Europeia e o CEO da Pfizer. Von der Leyen não ponderou em momento algum abandonar o cargo apesar da investigação, mas também não foi, ainda, acusada da prática de qualquer crime.
O caso de Sánchez é ligeiramente menos comparável ao de Costa, uma vez que a investigação levada a cabo pela justiça espanhol não o envolveu diretamente, mas sim a sua mulher, Begoña Gómez. A investigação decorre desde abril e Gómez já foi ouvida em tribunal por suspeitas de tráfico de influências. Cinco dias depois de ser conhecido o teor das acusações, o presidente do Governo espanhol foi claro: “Não me demito. Assumo a decisão de continuar com mais força se possível. Este não é o destino de um dirigente particular. Trata-se de decidir que tipo de sociedade queremos ser.”
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