- O que está em causa?Circula nas redes sociais a informação de que o Pentágono admitiu a “existência de laboratórios biológicos na Ucrânia, financiados pelos Estados Unidos”. O documento citado é verdadeiro, mas não confirma a existência de laboratórios biológicos. Além disso, o acordo entre o Programa para Redução da Ameaça Biológica e o Governo ucraniano, no âmbito do Tratado de Cooperação para a Redução das Ameaças está em vigor desde 2005.

Desde o início da guerra na Ucrânia, têm circulado nas redes sociais várias alegações de que os Estados Unidos financiam laboratórios de armas biológicas em território ucraniano – incluindo a alegação de que existia um laboratório da NATO por baixo do complexo industrial de Azovstal. Desta vez, está a ser partilhado que o Pentágono “admitiu” existirem 46 laboratórios biológicos com financiamento norte-americano na Ucrânia. Em algumas publicações diz-se, ironicamente, que este financiamento é “para fins ‘pacíficos’”.

A afirmação tem origem num parágrafo de um comunicado informativo verdadeiro e que foi divulgado a 9 de junho de 2022 pelo Pentágono: “Os Estados Unidos também trabalharam em colaboração para melhorar a segurança biológica, a segurança e a vigilância de doenças da Ucrânia tanto para a saúde humana como animal, fornecendo apoio a 46 laboratórios pacíficos ucranianos, instalações de saúde e locais de diagnóstico de doenças nas últimas duas décadas.”
Este documento, divulgado pelo departamento de segurança dos EUA, faz referência aos esforços que vários países – incluindo os EUA – fizeram para reduzir o armamento nuclear que existia nos países que faziam parte da antiga União Soviética. Pode ainda ler-se que, “a Ucrânia não tem programa de armas nucleares, químicas ou biológicas” e que até as Nações Unidas referem “não ter conhecimento de qualquer programa de armas biológicas na Ucrânia”.
Além disso, a informação sobre os laboratórios ucranianos não é nova. A 11 de março de 2022, o Pentágono tinha já divulgado um comunicado onde revelava o investimento de 200 milhões de dólares (190 milhões de euros) enviado à Ucrânia para “apoiar 46 laboratórios, unidades de saúde e locais de diagnóstico”. O objetivo é “melhorar a segurança biológica, a proteção e a vigilância da saúde humana e animal na Ucrânia”. Este apoio faz parte do acordo celebrado em 2005 entre o Programa para Redução da Ameaça Biológica e o Governo ucraniano, no âmbito do Tratado de Cooperação para a Redução das Ameaças.
É ainda referido nesse comunicado que “os laboratórios ucranianos são propriedade e operados pelo Governo da Ucrânia” e que os Estados Unidos integram “uma parceria internacional mais ampla que inclui o Governo da Ucrânia, organizações internacionais, como a Organização Mundial de Saúde, a Organização para Segurança e Cooperação na Europa e outros parceiros estrangeiros”.
Robert Pope, diretor do Departamento do Acordo de Cooperação para a Redução da Ameaça, explicou à plataforma de fact-checking norte-americana PolitiFact que os EUA tornaram “os laboratórios mais seguros contra libertação acidental ou intencional”, forneceram “equipamentos de diagnóstico”, treinaram “pessoal no uso do equipamento” e “para detetar possíveis surtos”. Referiu ainda que este investimento não acontece só na Ucrânia, “mas também com parceiros em mais de 30 países, a pedido deles, para ajudar na deteção e diagnóstico seguro de doenças”.
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