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Legislativas de 2022. Eleitora foi impedida de exercer o direito de voto no Consulado de Paris?

Legislativas 2022
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
A denúncia surgiu nas redes sociais, através de um vídeo protagonizado por uma mulher que se queixa de uma situação que terá ocorrido no Consultado de Paris. Numa página de apoiantes do Chega alega-se que foi impedida de votar nas eleições legislativas de 2022, "juntamente com o marido. (…) A resposta que os serviços deram é que tinham uma anotação no sistema e por isso não podiam votar". Confirma-se?

“Esta senhora, juntamente com o marido, deslocou-se ao Consulado de Paris para votar. No entanto, não a deixaram votar. A senhora até chorou. A resposta que os serviços deram é que tinham uma anotação no sistema e por isso não podiam votar, sem mais explicações. Estamos numa ditadura onde o PS controla tudo e todos”, lê-se na descrição do vídeo, difundido na página “Chega – Círculo Eleitoral de Fora da Europa”, no Facebook, em publicação de 25 de janeiro de 2022.

Analisando o vídeo, com apenas 26 segundos de duração, verificamos que nunca são mencionadas palavras como “eleições” ou “voto”, pelo que as queixas da senhora poderão ter resultado de outra situação que não um ato eleitoral. “Vim cá de tão longe”, afirma, referindo também que “este senhor não conseguiu” (na descrição indica-se que será “o marido”). “Você venha para outubro”, ouve-se dizer, por outra pessoa que não aparece nas imagens.

De qualquer modo, questionada pelo Polígrafo, fonte oficial do Chega garante que a página que partilhou o vídeo não é uma página oficial do partido, tão só uma página informal de apoiantes. Também estabelecemos contacto com o gestor da página em causa que, após responder a uma primeira mensagem, não prestou qualquer informação sobre a origem do vídeo, o seu contexto, ou a data em que foi captado.

Por outro lado, fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) esclarece ao Polígrafo que o Consulado-Geral de Portugal em Paris “não registou qualquer ocorrência durante os dias 18 a 20 de janeiro, em que decorreu o voto antecipado para eleitores recenseados em território nacional temporariamente deslocados no estrangeiro”.

De salientar que os eleitores recenseados no estrangeiro votam por via postal, até ao dia 30 de janeiro, ou têm a opção de votar presencialmente, se tiverem feito essa opção junto da respetiva comissão recenseadora no estrangeiro, até à data da marcação da eleição (neste caso, até 5 de dezembro de 2021), e exercem o voto nos dias 29 e 3o de janeiro.

Após visualizar as imagens, o MNE destaca alguns pormenores: “O quadro metálico que figura nesse vídeo foi retirado do Consulado-Geral em Paris há dois anos.” Sublinha também que “no vídeo é referido à cidadã que poderá ‘regressar em outubro’. Atualmente, como é do conhecimento geral, não existe qualquer eleição prevista para o próximo mês de outubro”.

“Todos estes elementos, aos quais acresce o verdor que apresentam as árvores que figuram no vídeo, e que não corresponde à paisagem recente, parecem indicar que a filmagem não é atual. Não correspondendo, assim, ao período em que decorre esta eleição para a Assembleia da República”, conclui o MNE.

A situação poderá ter ocorrido nas eleições legislativas de 2019, realizadas no dia 6 de outubro, com o voto antecipado a decorrer no final de setembro. Mas o que podemos concluir com maior certeza é que não aconteceu no âmbito das eleições legislativas de 2022, na medida em que o Consulado-Geral de Portugal em Paris “não registou qualquer ocorrência”, além de todos os outros elementos referidos que apontam para outro período temporal, não recente.

Em suma, a descrição do vídeo e a forma como está a ser partilhado como se fosse atual resultam em desinformação.

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Avaliação do Polígrafo:

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