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Kevin Spacey admitiu ter tido um caso homossexual com o vice-presidente americano Mike Pence?

Internacional
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Uma notícia partilhada milhares de vezes garante que o ator norte-americano Kevin Spacey admitiu ter tido um caso amoroso com o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence. A relação teria ocorrido num período em que o ex-protagonista de "House of Cards" estaria a preparar a temporada final da conhecida série de televisão.

O título “Spacey admite caso com Pence” é o tiro de partida para um texto suscetível de acrescentar mais um episódio picante à já escaldante história recente do ex-protagonista da conhecida série de televisão “House of Cards”. O início do artigo do site America’s Last Line of Defense é explosivo: “Sob acusações de ter assediado um trabalhador de um restaurante, o ator Kevin Spacey revelou, esta manhã, através do seu advogado, que foi altamente influenciado para tais ações por um anterior encontro tumultuoso com o vice-presidente Mike Pence.”

Mas não termina aqui. Segundo o mesmo site, o autor da divulgação do comunicado de Spacey teria sido o “especialista em assuntos homossexuais”, Brian Kilmeade, da Fox News. E o que diz o comunicado? Começa assim: “Ao preparar a temporada final de ‘House of Cards’, segui vários políticos de Washington durante meses. Sou um ator metódico, e quero que o meu personagem seja credível (…) Fui convidado para um jantar privado com o Mickey. Entenda-se, Michael Pence”. E continua: “O Mickey e eu demo-nos lindamente. Ele confidenciou-me que estava meio comprometido com um ajudante do restaurante e mostrou-o, ao dar-lhe uma palmadinha no rabo quando ele passou. Achei adorável. No espaço de uma hora, envolvemo-nos num recanto do armazém da Biblioteca do Congresso. Foi magia absoluta”, finaliza.

O resultado? Milhares de partilhas nas redes sociais. O site de fact-checking Lead Stories investigou a “notícia” e não teve especial dificuldade em constatar que se trata de informação falsa. O America’s Last Line of Defense é um site de teor satírico, cujo objetivo é alertar as pessoas para a necessidade de clicar nos links antes de partilhar notícias. E como o fazem? Produzindo conteúdos falsos, com a definição de “sátira” explícita no final de cada um.

kevin

O liberal Christopher Blair é o “homem por trás da máquina”, e fez da sátira a sua principal ocupação, gerindo outros sites semelhantes, cujos conteúdos são, frequentemente, copiados por sites de notícias falsas (que não se assumem como tal).

Em novembro de 2018, a missão de Blair foi anunciada no Washington Post, sob o título “Nada nesta página é verdadeiro: como as mentiras se tornam verdades na América online”. Na reportagem, assinada por Eli Saslow, Blair admitiu que “quanto mais extremo for, mais pessoas acreditarão”. Mais à frente, é exposto um desabafo feito por Christopher na sua página pessoal no Facebook: “Não importa quão racistas, intolerantes, ofensivos e falsos somos; as pessoas voltam. Onde é o limite? Haverá algum ponto em que as pessoas perceberão que estão a ser alimentadas de lixo e decidam voltar à realidade?”, questionou.

Parece que o “uso do humor, ironia, exagero”, uma das definições de “sátira”, presentes no final de cada texto do America’s Last Line of Defense, tem muito pouco de engraçado. E enquanto o público continuar a limitar-se a olhar para os títulos na hora de partilhar conteúdos, Kevin Spacey continuará a ter admitido ter tido um caso com Mike Pence. O que não é verdade. Nem um bocadinho.

Avaliação do Polígrafo:

 

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