Mesmo depois de confirmada a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos da América (EUA), as teorias de conspiração relacionadas com supostas fraudes eleitorais não deixaram de ser difundidas nas redes sociais. Entre as mais partilhadas destaca-se uma com enfoque no processo de identificação dos eleitores no momento em que votam, o qual não é similar em todos os Estados.
“Kamala [Harris] venceu em quase todos os Estados que não exigem identificação de eleitor… Ela não venceu em nenhum Estado que exija identificação de eleitor. Isso diz muito! Resta questionar como seriam os resultados se todos os Estados exigissem identificação de eleitor”, destaca-se numa publicação no Facebook.
Há outras versões a circular nas redes sociais, como no Threads: “Kamala [Harris] venceu em todos os Estados que não exigem identificação de eleitor.” Ou no X/Twitter: “Kamala Harris venceu exatamente todos os Estados que não exigem identificação de eleitor. Além disso, os democratas ‘perderam’ 15 milhões de votos desde 2020 que foram vaporizados. Acho que é mais do que evidente que cometeram fraude naquele ano e Donald Trump sempre teve razão.”
Na realidade, porém, o facto é que Kamala Harris não venceu em todos os Estados que não exigem identificação de eleitor, nem venceu apenas nesses Estados, ao contrário do que se alega nas referidas publicações.
Por exemplo, em Iowa e na Pensilvânia – onde não se exige identificação de eleitor -, o candidato mais votado foi Donald Trump, do Partido Republicano. O mesmo se aplica ao Nevada, onde não se exige identificação com fotografia.
Mais, a candidata do Partido Democrata venceu em sete Estados que exigem tal identificação, a saber: Colorado, Connecticut, Delaware, New Hampshire, Rhode Island, Virgínia e Washington.
De resto, em declarações à AFP Checamos, Barry Burden, professor de Ciência Política da Universidade de Wisconsin-Madison, ressalva que para se votar nos EUA é necessário cumprir pelo menos estas duas regras: “Primeiro, devem fornecer provas documentais da sua residência para se registarem. Em seguida, devem solicitar uma cédula informando sobre o nome e endereço, ou algum tipo de informação.”
Segundo Burden, as leis mais rigorosas de identificação de eleitores “apenas coíbem o crime de roubo de identidade. (…) Trata-se de um crime extremamente raro, difícil e arriscado de cometer. Não ocorre fraude eleitoral significativa por meio de falsificação de identidade de eleitores”.
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