- O que está em causa?O deputado Cristóvão Norte, do PSD, publicou uma mensagem no Twitter alegando que uma sua familiar idosa, com 79 anos de idade, "a sofrer de cancro", "não faz parte do grupo prioritário de vacinação" contra a Covid-19, ao contrário de um jovem militar do Exército, "na flor da idade, sem problema de saúde". Verdade ou falsidade?

"O simulador diz-me que uma familiar minha, idosa, 79 anos, a sofrer de cancro, não faz parte do grupo prioritário de vacinação, ficando para depois de abril; mas que um marmanjo do Exército, na flor da idade, sem problema de saúde, é já na primeira fase", escreveu o deputado Cristóvão Norte no Twitter, questionando depois: "Que raio de critérios são estes?"
Desde domingo, dia 27 de dezembro, que está disponível na página da Direção-Geral da Saúde (DGS) um simulador através do qual cada cidadão poderá saber para quando está prevista a sua vacinação, mediante a resposta a questões sobre a idade, atividade profissional, condição atual e estado de saúde.

A alegação do deputado tem fundamento?
O Polígrafo utilizou o simulador para o verificar. Começando pela senhora idosa, selecionámos 1941 como ano de nascimento. Por falta dessa informação na publicação, não foi selecionada a opção "Já foi diagnosticado com Covid-19", na atividade profissional foi selecionada "Outra atividade" e na resposta à condição atual a resposta foi "Nenhuma". Quanto às doenças diagnosticadas, selecionámos apenas "Neoplasia maligna ativa", correspondendo ao cancro evocado na publicação sob análise.
A resposta do simulador para uma pessoa com estas características foi a seguinte: "Face ao que nos indicou está previsto ser convocado na segunda fase da vacinação da Covid-19, não estando previsto o seu início antes de abril de 2021".

Relativamente ao suposto jovem do Exército, "na flor da idade, sem problema de saúde”, utilizámos o mesmo procedimento. Como ano de nascimento selecionámos 1990, que seria o ano em que uma pessoa com 30 anos teria nascido, e não foi selecionada a opção "Já foi diagnosticado com Covid-19". Na atividade profissional foi escolhida a opção "Profissional das forças armadas, forças de segurança ou dos serviços essenciais". Quanto à condição atual e às doenças diagnosticadas, a resposta foi "Nenhuma".
A resposta do simulador para uma pessoa com estas características foi a seguinte: "Face ao que nos indicou, aconselhamos que se informe sobre o processo de vacinação da Covid-19 junto da instituição onde trabalha. Uma vez que faz parte de um grupo prioritário, o seu agendamento será feito junto dessa entidade".

Ainda assim, a página do simulador contém uma nota em que se ressalva que "a informação é meramente indicativa" e que "podem existir diferenças face ao resultado deste simulador".
De acordo com o plano de vacinação para a Covid-19, na primeira fase estão profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos, profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestação de cuidados a doentes, profissionais e residentes em lares e instituições similares, profissionais e internados em unidades de cuidados continuados e pessoas com 50 ou mais anos, com pelo menos uma das seguintes patologias: insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal (TFG < 60 ml/min) ou DPOC ou doença respiratória crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração.
Só na segunda fase é que estão as pessoas com 65 ou mais anos de idade, com ou sem patologias que não tenham sido vacinadas anteriormente, e pessoas entre os 50 e os 64 anos com pelo menos uma das seguintes patologias: diabetes, neoplasia maligna ativa, doença renal crónica (TFG > 60ml/min), insuficiência hepática, obesidade (IMC > 35 kg/m2), hipertensão arterial ou outras patologias que poderão ser definidas posteriormente.
Assim, conclui-se que Cristóvão Norte tem razão. O caso que apresentou é verdadeiro, de acordo com os resultados do simulador na página da DGS, além dos critérios definidos no plano de vacinação contra a Covid-19.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações "Verdadeiro" ou "Maioritariamente Verdadeiro" nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
