Está a ser difundido nas redes sociais um vídeo que mostra um jovem em cadeira de rodas a ser transportado pelas escadas do Pavilhão Central do IPO Lisboa. A partilha foi feita na sequência das recentes notícias sobre os constrangimentos no hospital devido à falta de elevadores operacionais e conta com comentários de quem também diz ter-se confrontado com dificuldades de acessibilidade naquelas instalações.
“Sobre a denúncia que saiu do que se está a passar no IPO: quando falo que a acessbilidade é para todos, aqui têm um exemplo. Não é só para pessoas com deficiência.Trata-se de poder chegar a qualquer sítio sem que barreiras físicas ou sociais impeçam os direitos fundamentais de qualquer ser humano”, escreveu o autor da partilha.
Mas será que este vídeo revela uma situação real vivida nas instalações do IPO devido à escassez de elevadores em funcionamento?
Sim, mas… desde logo, as imagens não são recentes. Foram gravadas em 2022, quando Lourenço Madureira Miguel – que é também o jovem que aparece no vídeo – estava a estagiar na Cirurgia do IPO de Lisboa.
O estudante de medicina sofre de FND (Functional Neurological Disorder), uma doença neurológica causada por alterações no funcionamento das redes cerebrais. Na altura do estágio, Lourenço utilizava cadeira de rodas e deparou-se com alguns constrangimentos na acessibilidade por causa dos elevadores. Ao Polígrafo, o jovem explica que o vídeo foi gravado num dia em que estava a regressar do almoço e se apercebeu que o elevador em que cabia a sua cadeira de rodas estava inoperacional. Assim, um profissional de saúde ajudou-o a descer um andar pelas escadas.
Lourenço conta que, na altura, encarou a situação de uma forma mais leve. “Não é uma paródia, nem simulação, de facto aconteceu. Mas pensei: arranjou-se uma solução”, refere.
No entanto, face às recentes notícias sobre a inoperacionalidade de elevadores no IPO Lisboa, o estudante de medicina decidiu partilhar o vídeo como “uma chamada de atenção”. “Nunca me passou pela cabeça que pudesse acontecer a doentes”, diz.
O IPO Lisboa garante ao Polígrafo que a forma como Lourenço foi transportado não é a mesma utilizada para os utentes. “É importante perceber que isto não acontece com os doentes. Temos constrangimentos, mas temos feito todos os esforços para os tentar ultrapassar. Adaptam-se os circuitos para que as pessoas possam ter alternativas”, vinca fonte oficial da unidade hospitalar.
O IPO relembra ainda que as instalações têm sido alvo de diversos projetos de modernização ao longo dos anos e que obras de beneficiação e manutenção dos elevadores não são uma exceção.
O Pavilhão Central dispõe de sete pisos e é onde está concentrada a maior parte da atividade assistencial da unidade hospitalar. Há alguns meses, começaram a ser feitas obras de beneficiação/modernização dos nove elevadores. Atualmente, quatro continuam a ser alvo deste processo. No entanto, a empresa responsável pelo projeto acredita que as obras estejam concluídas ainda este mês.
Na semana passada, a CNN Portugal avançou que o elevador, que permitia o transporte de pacientes em macas entre pisos, da Unidade de Transplante de Medula, localizada no Pavilhão Rádio (edifício menor), estava inoperacional. Segundo a mesma estação televisiva, a denúncia foi feita por duas mães de crianças, cuja admissão e posterior transplante foram reagendados. Ao Polígrafo, o IPO Lisboa revela que o elevador em questão, já se encontrava operacional esta quarta-feira-5 de fevereiro.
“A única coisa que deveria ser uma barreira seria a existência ou não de dador, o resto não me faz sentido que seja. O elevador funcional nós podemos controlar, ao contrário de grande parte destas doenças”, escreveu o estudante de medicina na publicação.
De facto, as imagens do vídeo partilhado por Lourenço mostram uma situação real vivida na instalações do IPO Lisboa, mas são antigas e não estão relacionadas com as notícias mais recentes sobre a ausência de elevadores naquele local, pelo que classificamos como descontextualizada a partilha que tem sido feita das imagens.
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Avaliação do Polígrafo: