A pergunta era sobre o “tema fraturante” da imigração em Portugal e se “as políticas públicas do Governo que integrou contribuíram” para essa situação. Face ao que José Luís Carneiro, ex-ministro da Administração Interna e ex-candidato à liderança do PS, começou por salientar que “a imigração é hoje um fenómeno global que é, aliás, indispensável para os desafios que enfrenta a União Europeia e o nosso país. Quais são esses desafios? Em primeiro lugar, o desafio demográfico“.
Posto isto, em entrevista ao jornal “Diário de Notícias” (edição de 23 de agosto), Carneiro apontou para a dimensão de tal desafio, sublinhando: “A Europa representou cerca de 20% da população mundial até 1950 e estima-se que possa representar 4,6% até 2050.”
“Ou seja, a União Europeia e também o nosso país, tem um desafio demográfico para enfrentar que é algo de vital à sua subsistência. Depois, porque também tem efeitos muito positivos no plano da economia e do rejuvenescimento social, da diversidade cultural e do enriquecimento cultural”, defendeu.
Os números evocados têm fundamento?
De acordo com os últimos dados da Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que a população total da Europa deverá diminuir nas próximas décadas, de cerca de 745 milhões de pessoas em 2024 para cerca de 703 milhões em 2050.
Ao passo que a população total do mundo deverá aumentar de cerca de 8,2 mil milhões de pessoas em 2024 para cerca de 9,7 mil milhões em 2050.
Em termos proporcionais, a população da Europa deverá representar cerca de 7,3% da população mundial em 2050 – atualmente está em cerca de 9,1% e, tal como disse Carneiro, ascendia a 20% na década de 1950. Aliás, ainda estava nesse nível no início da década de 1960.
De qualquer modo, a percentagem indicada por Carneiro relativamente a 2050 não corresponde exatamente às mais recentes estimativas da ONU, aliás com uma diferença considerável (de 4,6% para 7,3%), pelo que aplicamos o selo de “Impreciso”.
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