“Em 1980, um jornalista japonês filmou um iPhone”: a legenda, em inglês, acompanha um vídeo viral que se encontra a circular no Facebook, que foi enviado ao Polígrafo para verificação, e que conta já com milhares de reações e outras tantas partilhas.
Segundo o narrador deste clip, o telemóvel em causa seria “um iPhone 13 e este vídeo está atualmente a ressurgir na Internet, criando um burburinho enorme”. Imagens essas captadas no contexto de um “programa” televisivo “filmado em 1980, nos arredores de Hiroshima” – cidade chinesa que, recorda, assistiu à explosão de uma bomba atómica em 1945, “o que levou a que a cidade ficasse deserta devido à radiação”.
Assim, no âmbito do referido programa, o repórter teria sido convidado a “regressar ao local para observar as casas abandonadas e os objetos deixados para trás”. Tendo à sua frente um smartphone, “o jornalista pensou que tinha encontrado um espelho, porque, teoricamente, o iPhone não existia em 1980”. Porém, segundo a tese defendido, o aparelho “era de facto um iPhone 13”.
“O mais preocupante é que ninguém consegue explicar como é que um iPhone 13 foi parar ali em 1980. O jornalista, perplexo, não sabia o que fazer e acreditava mesmo que se tratava de um espelho. Então, quem é que pode explicar esta ‘falha na Matrix’, por favor?”, pede ainda o narrador desta história.
É uma narrativa verdadeira?
Não. Tal como já foi verificado por outras plataformas de fact-checking internacionais (aqui e aqui), membros da International Fact-Checking Network (IFCN), as imagens que sustentam esta tese foram retiradas de uma série japonesa de cinco partes, intitulada “A mulher que sabia demais” (tradução livre).
Imagens essas – referentes ao quinto episódio do projeto – que foram partilhadas, a 17 de junho de 2023, num canal no YouTube que, em português, daria pelo nome de “Filme-é-TV”. Segundo a descrição que acompanha o vídeo, trata-se de uma obra “fictícia” e a sua produção remonta, de facto, a “junho de 2023” – diferentemente do que se alega na publicação viral.
Na mesma legenda, reforça-se ainda que o conteúdo da série “não está de forma alguma relacionado com qualquer pessoa, local, organização ou incidente real”. Além disso, não existem, em meios de comunicação social fiáveis, notícias que confirmem que um jornalista japonês teria descoberto um iPhone 13 em 1980, o que sustenta ainda mais que se trata de uma alegação falsa.
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Avaliação do Polígrafo: