- O que está em causa?"Ex-autarca de Lisboa que passou informação a Putin é o novo ministro das Finanças de Portugal", terá realçado em título de notícia um jornal espanhol de grande circulação, de acordo com um "post" no Facebook de 30 de março, dia em o novo Governo tomou posse.
"Vergonhoso! (…) Nas bocas do mundo pelas piores razões. Acorda povo", comenta-se no post de 30 de março no Facebook, exibindo a suposta notícia da secção de Internacional do jornal espanhol "ABC", sediado em Madrid.
Além do supracitado título - "Ex-autarca de Lisboa que passou informação a Putin é o novo ministro das Finanças de Portugal" -, na notícia salienta-se que "o polémico Fernando Medina, que denunciou opositores russos em Lisboa, recicla-se no Governo nomeado por António Costa".
Escrita por Francisco Chacón, jornalista correspondente do "ABC" em Lisboa, a notícia é autêntica e foi publicada a 30 de março, precisamente o dia em que o XXIII Governo Constitucional, sob a liderança do primeiro-ministro António Costa, tomou posse em cerimónia realizada no Palácio da Ajuda, em Lisboa.
"Passados cinco meses desde que o Orçamento do Estado foi derrubado e dois meses desde as eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro, Portugal conta finalmente com um novo Governo, o número 23 em democracia após a 'Revolução dos Cravos' de 1974. E chama a atenção a nomeação do ministro das Finanças: o polémico Fernando Medina. Sim, porque o ex-autarca de Lisboa passa a fazer parte do 'núcleo duro' do primeiro-ministro, António Costa, depois de admitir os seus repetidos envios de dados para Vladimir Putin sobre dissidentes russos exilados em Portugal", lê-se no artigo (em tradução livre a partir do original em castelhano).
"Mais do que uma gafe ou deslize, um erro evidente (sobretudo do ponto de vista atual) que lhe custou perder as últimas eleições autárquicas para o conservador Carlos Moedas", acrescenta-se. "Medina saiu da Câmara Municipal [de Lisboa], mas agora volta à arena política, 'premiado' não se sabe por que motivo. O facto é que aqui está outra vez, reciclado e como se a contudente pancada dos lisboetas se tivesse desintegrado".
Recorde-se que, no dia 14 de janeiro de 2022, o jornal "Expresso" noticiou que "a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) multou a Câmara Municipal de Lisboa (CML) em 1.250.000 euros no caso que ficou conhecido como 'Russiagate', e que se relaciona com o facto de a CML ter enviado dados pessoais de ativistas russos, nomeadamente para a Embaixada russa, que se manifestaram em Lisboa contra o regime de Vladimir Putin, Presidente da Rússia, e a favor da libertação de um dos seus maiores opositores, Alexei Navalny".
"A CNPD delibera aplicar ao arguido Município de Lisboa, observando ao disposto no n.º 3 do artigo 83.º do RGPD, uma coima única, no valor de € 1.250.000 (um milhão duzentos e cinquenta mil euros) em razão da violação do princípio da licitude lealdade e transparência; da violação do princípio da minimização dos dados, na vertente de 'need to know' (necessidade de conhecer); da violação do dever de prestar as informações previstas no artigo 13.º do RGPD; da violação do princípio da limitação da conservação e da violação da obrigação de realização de uma avaliação de impacto sobre a proteção de dados", informa-se na referida deliberação.
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Avaliação do Polígrafo: