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João Cotrim de Figueiredo: “Espanha de Pedro Sánchez continua a importar da Rússia um quinto do gás natural liquefeito”

Política
O que está em causa?
Num vídeo difundido nas redes sociais, o eurodeputado e antigo líder do partido Iniciativa Liberal critica o facto de a União Europeia, apesar da guerra na Ucrânia e respetivas sanções, continuar a importar gás natural da Rússia, a potência agressora. E apontou o dedo à Espanha que, ao contrário da Hungria ou da Eslováquia, não tem proximidade geográfica (nem ideológica, ao nível do regime político vigente) com a Rússia de Vladimir Putin.
© Agência Lusa / Manuel Fernando Araújo

“Com os vários conflitos no Médio Oriente, a guerra da Ucrânia deixou de abrir os telejornais. Vladimir Putin agradece. Até porque assim não se fala tanto do escândalo que são as continuadas importações de gás russo pela União Europeia. Porque sim, a União Europeia continua a importar gás russo. E muito”, começa por sublinhar João Cotrim de Figueiredo no vídeo em causa, publicado a 29 de junho nas redes sociais do próprio e do Iniciativa Liberal, referindo depois que “em 2024, um quinto do gás que a União Europeia importou era russo”.

Na perspetiva do eurodeputado, “alguns países” da União Europeia que importam gás da Rússia “não são surpresa”, como os exemplos da “Hungria de [Viktor] Órban” ou da “Eslováquia de [Robert] Fico” que “são regimes pró-russos e com pipelines à porta”

“Destes, não se esperava, de facto, outra coisa”, considera o antigo líder do Iniciativa Liberal, ressalvando que “mais difícil de aceitar é a atuação de Espanha de Pedro Sánchez que continua a importar da Rússia um quinto do gás natural liquefeito que usa”.

A alegação sobre a Espanha tem fundamento?

Sim, embora os últimos dados apontem para uma diminuição substancial do peso relativo da Rússia nas importações de gás natural liquefeito pela Espanha.

Nos dois primeiros meses de 2025, o gás proveniente da Rússia ainda permanecia ao nível de cerca de um quinto do total das importações de Espanha, mas já estava em queda acentuada de -38,3% em comparação com o período homólogo de 2024.

Em sentido inverso, o gás proveniente dos EUA tornava-se mais dominador, representando 31,8% do total das importações espanholas.

Mais recentemente, em maio de 2025, porém, a quota do gás russo nas importações espanholas voltou a cair e fixa-se agora em 18%, superado pelos EUA (30%) e Argélia (26,6%).

Ou seja, entretanto baixou para um nível ligeiramente inferior a um quinto, o que não invalida a alegação de Cotrim de Figueiredo, ainda que não totalmente exata.

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