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Jardim da Praça do Império agora tem alfaces plantadas em canteiros?

Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Um conjunto de fotografias no Facebook mostra vários canteiros em Belém com aquilo que parecem ser alfaces plantadas. Questiona-se se é desta maneira que o "erário público" deveria estar a ser gasto. Confirma-se que a espécie vegetal está a ser cultivada em pleno Jardim da Praça do Império?

“Que bosta é esta? Estão satisfeitos senhores deputados da Assembleia Municipal de Lisboa?! Vergonha! Que belo lixo! Quanto foi gasto do erário público?! Alfaces?”, questiona-se numa publicação no Facebook, datada de 11 de fevereiro.

As imagens mostram aquilo que parecem ser alfaces cultivadas no Jardim da Praça do Império, em Belém.

Será verdade?

O local visível nas imagens é o Jardim da Praça do Império, em Lisboa, inaugurado no dia 14 de fevereiro, após ter sido restaurado durante dois anos.

Em declarações à rádio TSF, Fernando Ribeiro Rosa, presidente da junta de freguesia de Santa Maria de Belém, recordou que a discussão quanto à necessidade de recuperar o jardim começou há sete anos, envolta em polémica, por causa dos brasões que representavam as ex-colónias e que muitos queriam que fossem retirados, uma vez que remetem para o fascismo e o colonialismo. Os controversos brasões, antes apresentados em arranjos florais, surgem agora representados no chão do jardim em calçada portuguesa.

No site da Câmara Municipal de Lisboa, destaca-se que neste jardim, junto ao Mosteiro dos Jerónimos e o Centro Cultural de Belém, “foram retomadas características do desenho de 1940 mantendo-se a exata geometria baseada no quadrado original”. Houve também um aumento da área verde permeável, com a ampliação do jardim para sul e foi criado um “jardim de plantas, com espécies vegetais representadas em escultura na pedra do mosteiro“.

Sim, é real, captada no Jardim António Feijó, junto à Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, em Lisboa. O Polígrafo foi ao local e verificou que as tendas servem de abrigo a imigrantes mas também a portugueses, por entre "casos de pessoas que estão a trabalhar, mas não têm casa".

Tal como esclareceu ao “Público” a arquiteta paisagista Cristina Castel-Branco, responsável pelo projeto, aquilo que parece ser uma horta plantada numa série de canteiros em frente ao Mosteiro dos Jerónimos é, na verdade, a parte do projeto que homenageia o edifício manuelino. “O que está plantado nos canteiros são as plantas dos Jerónimos. Quando perguntam se é uma horta, é porque, para grande surpresa nossa, uma das plantas identificadas foi a alface”, garantiu.

Em suma, é verdade que no recém-inaugurado Jardim da Praça do Império foram plantadas alfaces. No entanto, estão inseridas num jardim temático que reúne as plantas representadas nas esculturas do Mosteiro dos Jerónimos.

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Avaliação do Polígrafo:

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