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Ivermectina é um medicamento que “pode prevenir” a doença Covid-19?

Coronavírus
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Em publicação no Facebook destaca-se que a Ivemectina é um medicamento que "inibe a replicação do SARS-CoV-2 'in vitro'", de acordo com um estudo. Mais, alega-se que "pode prevenir" a Covid-19 "e não curar", estando ainda "em fase de testes". Verificação de factos.

Em recente publicação na rede social Facebook assegura-se que “a droga aprovada pela FDA Ivermectina inibe a replicação do SARS-CoV-2 in vitro”, remetendo para um estudo que indica resultados positivos sobre o uso de tal fármaco.

Na mensagem também se realçam vários avisos a potenciais utilizadores, nomeadamente que “a Ivermectina pode prevenir a Covid-19 e não curar” e que “está, ainda, em fase de testes”.

Confirma-se que a Ivermectina é um medicamento que “pode prevenir” a doença Covid-19?

Questionado pelo Polígrafo, o virologista Pedro Simas explica que o estudo em causa “testou o fármaco em culturas de células” e que houve “resultados positivos”, mas defende que é preciso ter cautela relativamente a esta matéria.

Segundo o especialista, os investigadores “utilizaram doses cerca de mil vezes superior ao que é seguro nos animais”. Por isso mesmo, a Ivermectina ainda não foi testada em animais e, muito menos, em seres humanos.

Ainda assim, Pedro Simas não descarta que o fármaco possa vir a ser viável no combate à Covid-19, mas “são precisos mais testes para comprovar” a sua viabilidade. O especialista sublinha que não se pode deixar de ter em conta que esses futuros testes podem vir a ser complicados de realizar,  tendo em conta que nos primeiros ensaios foram utilizadas doses muito superiores ao nível de segurança estabelecido para a testagem em animais.

Mais, o virologista explica que “os testes em culturas de células são diferentes dos testes em animais”, por causa da “diversidade de células e tecidos” existentes nestes últimos.

No estudo referido na publicação indica-se que a Ivermectina “é um antiparasitário aprovado pela Food and Drug Administration”, agência norte-americana do medicamento, e que “reduz o efeito do novo coronavírus em 48 horas”, apesar de se avisar que “são necessárias mais investigações para garantir possíveis benefícios em humanos”.

Ou seja, não há qualquer garantia científica de que a Ivermectina seja um medicamento que “pode prevenir” a doença Covid-19. O estudo em causa apresenta conclusões muito preliminares, recorrendo a doses elevadas do fármaco que não são seguras para a testagem em animais e muito menos em seres humanos.

O autor da publicação tem o cuidado de ressalvar que ainda “está em fase experimental” e que “a intenção é divulgar o estudo”, mas não deixa de sugerir erradamente (ou sem comprovação científica) que tal medicamento “pode prevenir” a doença Covid-19. Essa alegação, neste momento, é infundada. Ou meramente especulativa.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Parcialmente falso: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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