Já teve que ler conselhos sobre como se apresentar numa entrevista de emprego? Os posts em blogs são bastante comuns e fazem recomendações que podem passar pela roupa dos candidatos e até pelo que estes devem dizer durante a conversa. Para o Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa, “discutir questões salariais numa entrevista de emprego é falta de educação”.
Assim que o documento começou a circular nas redes sociais, multiplicaram-se as publicações sobre as dicas inapropriadas do ISEG para os seus estudantes: “Assim se doutrina o mundo. O que importa o salário? Dá-te feliz por arranjares trabalho, nem que seja um estágio à borla.”
O post no portal do Instituto é de 14 de setembro, dia em que foram divulgados pelo menos mais dois “explicadores” sobre como ter um “perfil de estrela no LinkedIn” e sobre “como criar um CV de sucesso”. No que à preparação para uma entrevista de emprego diz respeito, o ISEG não tem grandes dúvidas sobre o que deve um estudante fazer: “Os empregadores procuram candidatos focados e maturos, que entendam o trabalho da empresa, os requisitos da posição para o qual estão a ser entrevistados, que consigam demonstrar as suas competências e comunicar de forma clara as suas mais-valias para o negócio, nomeadamente para a equipa que vão integrar e para a empresa.”
Por esse motivo, recomenda o Instituto, é fundamental seguir os seguintes passos: “Pesquisa a posição e a empresa/organização; Conhece o teu currículo; Analisa teus pontos fortes e fracos; Pratica a resposta às perguntas; Treina a análise e resolução de case studies; Prepara as questões logísticas.”
O ISEG recomenda chegar ao local entre cinco a 10 minutos antes da entrevista, bem como “levar contigo o CV e a carta de motivação bem como algo onde possas tomar notas, caso seja necessário”. Além disso, convém verificar se a roupa escolhida é apropriada. E há até coisas a evitar: “gravatas extravagantes, jóias que chamem a atenção, aromas fortes e cores fortes.”
Preparação feita, é altura de saber o que fazer durante a entrevista. As principais dicas, destacadas a negrito, envolvem demonstrar uma atitude vencedora, escutar com atenção as questões, manter contacto visual e mostra interesse, otimismo e entusiasmo, sorrir, cumprimentar o entrevistador com um aperto de mão forte e não abordar questões salariais.
Nota editorial: Depois da publicação deste fact-check o ISEG fez chegar ao Polígrafo um esclarecimento, que publicamos seguidamente na íntegra. A avaliação não sofreu alterações.
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O artigo publicado no Polígrafo baseia-se numa publicação feita por um utilizador do Facebook que apresenta a sua interpretação de uma publicação feita pelos serviços do ISEG acerca de recomendações para a primeira entrevista num processo de recrutamento.
Em momento algum, o ISEG refere o que é dito no artigo:
“Para o Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa, por exemplo, discutir questões salariais numa entrevista de emprego é falta de educação.”
O ISEG considera que a negociação salarial é um tema crucial num processo de recrutamento e, em momento algum, o ISEG diz o contrário.
Segundo as recomendações divulgadas pelo ISEG também no seu site, no artigo “A negociação salarial em contexto de recrutamento”, o timing certo para a negociação salarial é um aspeto fundamental.
Com o objetivo de preparar da melhor forma a transição dos seus alunos para o mercado de trabalho e, acima de tudo, defender os seus interesses, apoiando-os na realização de escolhas ajustadas e fundamentadas, o ISEG recomenda, em consonância com aquelas que são as melhores práticas de recrutamento, que as questões salariais não sejam o foco de uma primeira entrevista de emprego. A abordagem deste tema deve, idealmente, ser colocada pelo recrutador. Num primeiro contacto, o candidato deve dar prioridade à apresentação das suas competências pessoais e técnicas, das suas motivações e aspirações, e, sobretudo, deve empenhar-se em falar nas principais razões que fazem dele o candidato certo para a posição a que se candidata.
Quando o processo de recrutamento passa à fase seguinte e as partes manifestam interesse mútuo, então, sim, discutem-se condições mais concretas, sendo que as questões salariais são da maior importância.
O ISEG não tem a menor dúvida de que todos os seus graduados não assinam um contrato de trabalho sem conhecerem primeiro as condições salariais que este tem associadas.
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Avaliação do Polígrafo: