“A candidatura de André Ventura é uma candidatura folclórica. Quer dizer, é uma candidatura de raiz populista, uma candidatura que não visa ganhar a Presidência da República”, declarou Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras, na entrevista de ontem à noite na SIC Notícias.
“Aliás, os líderes de partidos nunca foram candidatos propriamente a Presidente da República. O líder de partido é candidato a Primeiro-Ministro. O lugar importante em termos executivos, aquele que permite realizar reformas, transformar o país, é o líder do partido que é candidato a Primeiro-Ministro”, defendeu.
O autarca de Oeiras concluiu depois da seguinte forma: “O que o doutor André Ventura quer é usar a candidatura a Presidente da República como plataforma para continuar a vender as suas ideias. Portanto, o objectivo dele não é ganhar a Presidência da República, é apenas continuar a estar no espaço mediático e através disso continuar a confusão que é habitual nele.”
É verdade que “os líderes de partidos nunca foram candidatos a Presidente da República”?
Embora seja invulgar, não é inédito, com vários exemplos ao longo da história democrática portuguesa em partidos médios e pequenos. Se Isaltino Morais tivesse cingido a sua alegação aos maiores partidos, teria razão. Mas falou no geral e, por isso, recebe um selo de “Falso”.
Desde logo nas últimas eleições presidenciais, em 2021, além de André Ventura (líder do Chega), também Vitorino Silva (líder do RIR) foi candidato.
Em 2016, aquando da primeira vitória de Marcelo Rebelo de Sousa, não houve qualquer candidato ao mesmo tempo líder de um partido. Nem em 2011, quando Aníbal Cavaco Silva foi reeleito para o Palácio de Belém. Mas em 2006 encontramos três casos de candidatos – Jerónimo de Sousa (líder do PCP), Francisco Louçã (líder do BE) e António Garcia Pereira (líder do PCTP/MRPP) – que contrariam a alegação de Isaltino Morais.
Garcia Pereira que, aliás, já se tinha candidatado em 2001, estando na liderança do PCTP/MRPP. Recuando mais no tempo, Carlos Carvalhas era secretário-geral adjunto do PCP quando se candidatou à Presidência da República em 1991 – e no ano seguinte ascendeu mesmo à liderança dos comunistas.
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