Esta terça-feira, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, condenou as “interpretações absolutamente deturpadas” que estão a ser feitas às intervenções de Henrique Gouveia e Melo. Em comentário na SIC Notícias, o apoiante do candidato presidencial rejeitou a análise que é feita pelos comentadores sobre uma aversão à “casta política”, dizendo mesmo que esta não é sequer uma expressão utilizada pelo próprio.
“Ainda há pouco o Alexandre Poço dizia que o almirante falava contra os partidos, contra a casta. Não é verdade. Esta é uma interpretação que estão a fazer. (…) Essa não é uma expressão do almirante Gouveia e Melo. É uma invenção dos comentadores da SIC. (…) Ele nunca falou em casta política”, disse Isaltino Morais, Mas será assim?
De facto, a ideia de “limpar a casta política” pode ser vista como uma interpretação às declarações de Gouveia e Melo, mas não é verdade que este nunca tenha falado sobre a casta. E nem sequer é preciso recuar muito no tempo para o perceber.
No dia anterior, Henrique Gouveia e Melo deu uma entrevista à CNN Portugal – a primeira desde que anunciou oficialmente a candidatura -, onde utilizou a mesma expressão para responder aos ataques do adversário Luís Marques Mendes, que considerou que a eventual eleição do ex-chefe de Estado-Maior da Armada poderia ser “um risco enorme” e um “perigo para a democracia”. Argumentos que para o almirante “dão vontade de rir”.
“Há uma certa ideia de casta política que por um lado defende que o cidadão participe na democracia e na vida pública mas só quem fez um curso de política. Mas a política não é um clube fechado. Na democracia, a política está acessível a qualquer cidadão”, destacou, quando questionado se a experiência política do rival o intimidava.
E não, não foi a primeira vez que o almirante recorreu a essa ideia.
No sábado, num jantar de campanha no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, o candidato presidencial criticou aqueles que “atacam ferozmente qualquer cidadão que tente imiscuir-se” na política, sem vir de um partido. Uma reação a seu ver ” corporativa e profundamente antidemocrática”.
“A política não é um clube fechado onde só se entra por convite, muito menos poderá ser refém de qualquer casta”, sustentou.
Mesmo antes de ter anunciado a sua candidatura a Belém, Gouveia e Melo já tinha tocado na ideia das castas na política. Em março durante a apresentação do livro “Os Políticos São Todos Iguais! Assalto à democracia pelo culto do vídeo populismo”, do jornalista do Polígrafo Gustavo Sampaio, o almirante defendeu a importância de incorporar no sistema democrático “pessoas que vêm de fora da política”, uma vez que “a força da democracia” tem origem na diversidade de vozes e que essa diversidade “não pode ter castas“.
Ou seja, houve pelo menos três momentos públicos em que Gouveia e Melo se referiu criticamente à casta política, pelo que a legação de Isaltino Morais é falsa.
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Avaliação do Polígrafo:
