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Isabel Moreira diz que a AD teve a “vitória mais curta” de um Governo em funções. Confirma-se?

Política
O que está em causa?
O Governo da AD, que caiu depois de estar apenas 11 meses em funções, voltou a vencer as eleições, desta vez por uma margem ainda maior. No entanto, segundo a deputada socialista, trata-se possivelmente da "vitória mais curta de um Governo em funções". Será assim?
© Tiago Petinga/Lusa

Esta quinta-feira, em comentário na CNN Portugal, Isabel Moreira destacou que o país enfrenta um novo cenário político com o resultado das últimas eleições. A deputada do PS aponta para uma “configuração completamente nova do Parlamento”, devido à ascensão do Chega, à “derrota pesadíssima do PS” e à “vitória curta” da AD, que nem consegue maioria absoluta com a Iniciativa Liberal.

“A AD não ganhou com a expressão que queria. Não tem maioria com a Iniciativa Liberal. Aliás, é a vitória penso que mais curta de um Governo em funções“, destacou a deputada do PS.

De acordo com os resultados provisórios das legislativas de 2025 – ainda sem a contagem dos círculos do estrangeiro – a AD obteve 32,10% dos votos, o que corresponde a 1.915.098 votos, um aumento de aumento de 3,26 pontos percentuais (p.p.) e um crescimento de mais de 100 mil votos em termos absolutos face ao ano anterior, quando acumulou 28,84%, com 1.814.021 votos.

Mas será que se confirma o que a deputada socialista disse?

Sim, a percentagem obtida pela coligação PSD-CDS nestas legislativas foi de facto a mais pequena de um Governo que já estava em funções em Portugal.

Segundo dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE), desde 1976, o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD), isoladamente ou em coligação, venceram várias eleições legislativas depois de já estarem no Governo.

A coligação AD (PSD + CDS) conquistou a vitória em 1979 e 1980, com 42,52% e 44,91% dos votos, respetivamente, tendo registado uma subida de apenas 2,39 pontos percentuais entre os dois atos eleitorais. O PSD assegurou o primeiro lugar nas eleições de 1985, 1987 e 1991, com 29,87%, 50,22% (+20,35 pp) e 50,60% (+0,38 pp).

O PS saiu vencedor em 1995 e 1999, alcançando 43,76% e 44,06% (+0,30 pp). Em 2005 e 2009, voltou a liderar a votação com 45,05% e 36,56% (-8,49 pp).

Em 2015, a coligação Portugal à Frente (PàF), formada por PSD e CDS, conseguiu a maioria relativa com 36,86%, contra 32,31% do PS. No entanto, o PS formou uma aliança parlamentar com o Bloco de Esquerda, PCP e PEV – a chamada “geringonça” – que lhe permitiu assumir o Governo.

Nas eleições seguintes, em 2019 e 2022, o PS manteve-se como força mais votada, com 36,34% e 41,37% (+5,03 pp), respetivamente.

Estes dados demonstram que a alegação da deputada Isabel Moreira é verdadeira. De facto, a AD teve este ano aquilo que Isabel Moreira descreveu como a “vitória mais curta”, uma vez que nenhum outro Governo em funções registou uma percentagem inferior ao ficar novamente em primeiro lugar numas eleições legislativas.

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Avaliação do Polígrafo:

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