“Os portugueses têm hoje menos poder de compra face à média da União Europeia do que há 20 anos“, destaca-se num tweet do partido Iniciativa Liberal, datado de 11 de outubro. Também há uma versão mais extensa no Facebook, publicada no mesmo dia e sob o mesmo mote: “Portugal cada vez mais longe da Europa”.
O gráfico em causa mostra a “evolução do PIB per capita (PPS) em função da média da União Europeia”, com Portugal a começar em 2000 num patamar superior ao dos outros três países em comparação (República Checa, Estónia, Lituânia) e a terminar em 2018 num patamar inferior.
Ou seja, a evolução é negativa: enquanto o PIB per capita de Portugal foi decrescendo face à média da União Europeia, o dos outros três países foi aumentando, até ultrapassarem os portugueses neste indicador económico.
Na barra lateral apresenta-se também o posicionamento de cada país no ranking mundial de “Liberdade Económica” da Heritage Foundation: Estónia na 10ª posição, Lituânia na 16ª posição, República Checa na 23ª posição e Portugal na 56ª posição.
Os dados estatísticos apresentados nesta publicação estão corretos?
O partido Iniciativa Liberal indica como fonte a base de dados Pordata e, mediante uma análise dos números, o Polígrafo confirma que estão corretos.
Considerando a média da União Europeia como referência em 2000, a Estónia tinha uma capacidade de poder de compra de 41,7%, situando-se em 2018 nos 81,2%, enquanto a Lituânia passou de 37,4% em 2000 para os 80,1% em 2018. Na República Checa também se verificou um aumento do PIB per capita em paridade de poder de compra, com os números de 2000 a apontarem para os 71,6% face à média da União Europeia e os de 2018 a fixarem-se nos 90,2%.
Quanto a Portugal, começou este milénio com um poder de compra ao nível de 83,5% face à média europeia e tem vindo a diminuir, com os números de 2018 a apontarem para 76,7%. Ou seja, é verdade que Portugal está a ficar para trás relativamente à média europeia, assim como em comparação direta com países como a República Checa, a Estónia e a Lituânia.
A escolha destes três países não foi casual, tal como se explica no texto da publicação, uma vez que estes foram adoptando ao longo dos anos medidas económicas mais liberais, em linha com aquelas que são propostas pelo Iniciativa Liberal. É também por isso que o partido inclui nesta comparação a classificação no ranking mundial de “Liberdade Económica” elaborado pela Heritage Foundation.
O que é que este índice mede? Para a Heritage Foundation, a liberdade económica “é um direito fundamental de todo o ser humano de controlar o seu trabalho e propriedade”. Assim, “numa sociedade economicamente livre, os indivíduos são livres para trabalhar, produzir, consumir e investir da maneira que quiserem” e “os governos permitem que o trabalho, o capital e os bens circulem livremente e abstêm-se de coerção ou de restrição além do necessário para proteger e manter a liberdade”.
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Avaliação do Polígrafo: