"Criminosa dependência energética socialista. 2020: importámos 22 milhões de euros. 2021: importámos 711 milhões de euros. 2022: importámos 1,6 mil milhões de euros. Conclusão: importamos agora 30% do que consumimos", destaca-se num post de 13 de setembro no Facebook, indicado ao Polígrafo para verificação de factos.

É verdade que a importação de energia custou 1,6 mil milhões de euros em 2022 e cobre "30% do que consumimos" em Portugal?

Os dados em causa estão compilados no último boletim "Fatura Energética Portuguesa" (pode consultar aqui), elaborado pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), referente ao ano de 2022. Consiste numa "publicação anual, que resulta da recolha e tratamento de informação mensal respeitante aos preços, quantidades de importação e exportação por origem, do crude, produtos derivados do petróleo, carvão, gás natural, eletricidade e biomassa, visando, entre outros aspetos, o apuramento da nossa dependência energética face ao exterior, bem como o peso do saldo importador na Balança de Mercadorias FOB e no PIB", descreve-se na página da DGEG.

"Em 2022, o saldo importador de produtos energéticos foi de 11.831 milhões de euros, representando, face a 2021, um aumento de 124,2% em euros e 93,4% em dólares", informa a DGEG no referido boletim. "Para este aumento do saldo importador contribuiu, principalmente, o aumento generalizado dos preços dos produtos energéticos, em grande parte motivado pela pandemia Covid-19 e a instabilidade dos preços ao nível internacional, também resultado do conflito ente a Rússia e a Ucrânia".

"Durante o ano 2022, verificou-se uma subida generalizada das quantidades importadas e o inverso nas (re)exportadas. Relativamente ao valor pago (euros ou doláres) em termos de fatura, verificou-se um aumento significativo na globalidade dos produtos. Esta situação deveu-se à evolução dos preços nos mercados internacionais, nomeadamente devido à cotação do Brent, que aumentou 60% e à mudança nas condições dos mercados, tanto a nível nacional como internacional", explica a DGEG.

"Por sua vez, a mesma conjuntura internacional de subida de preços no valor das exportações, que resultou num incremento de 64,3% (em euros), face a 2021, não compensou o efeito combinado do aumento de preços no valor das importações de 98,7%, e a redução das quantidades exportadas", ressalva. "O peso do saldo importador no saldo da balança de mercadorias FOB apresentou um agravamento de 11,2 p.p. (38,8% em 2022 versus 27,6%, em 2021). O peso das importações e exportações dos produtos energéticos no total da balança de mercadorias, aumentou 5,7 p.p. e 2,1 p.p. respetivamente, face a 2021. Quanto ao peso do saldo importador de produtos energéticos no PIBpm verificou-se um aumento de 2,4 p.p., face a 2021".

Colocando o enfoque nas importações verifica-se que "em 2022, o saldo importador de produtos energéticos foi de 11.831 milhões de euros, o que, face a 2021, representou um agravamento de 124,2% em euros e de 93,4% em dólares".

Em 2020, o saldo importador não foi além de 2.914 milhões de euros, mas no ano seguinte aumentou substancialmente para 5.276 milhões de euros e em 2022, voltamos a sublinhar, mais do que duplicou até ao valor total de 11.831 milhões de euros.

No entanto, o saldo importador corresponde à diferença entre as importações e exportações. De acordo com os dados da DGEG, em 2022, a importação total de energia por Portugal ascendeu a 18.252 milhões de euros. Descontando os 6.421 milhões de euros da exportação total resulta no saldo importador de 11.831 milhões de euros.

Ou seja, os números indicados no post em causa estão muito distantes da realidade.

O mesmo se aplica à percentagem de consumo de energia coberta pelas importações em Portugal. No post alega-se que "importamos agora 30% do que consumimos", mas os últimos dados da DGEG apontam para uma dependência energética de 67,1% em 2021.

____________________________

Avaliação do Polígrafo:

Assine a Pinóquio

Fique a par dos nossos fact checks mais lidos com a newsletter semanal do Polígrafo.
Subscrever

Receba os nossos alertas

Subscreva as notificações do Polígrafo e receba os nossos fact checks no momento!

Em nome da verdade

Siga o Polígrafo nas redes sociais. Pesquise #jornalpoligrafo para encontrar as nossas publicações.