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Imagens de descargas de águas residuais para o mar na praia da Parede são autênticas?

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Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Está a circular nas redes sociais um conjunto de fotografias, alegadamente captadas na praia da Parede, em Cascais, nas quais se pode ver uma aparente descarga de águas residuais diretamente para o mar. As imagens em causa são autênticas? E a respetiva descrição?

“Assisti hoje às 16h30, a uma descarga vergonhosa na nossa praia da Parede”, denuncia-se em publicação nas redes sociais, datada de 13 de agosto, à qual se anexam várias imagens do que é descrito como uma “situação de saúde pública”. Na mensagem lança-se ainda um apelo: “Façam alguma coisa, por favor!”

As imagens em causa são autênticas? E a respetiva descrição?

Questionada pelo Polígrafo, fonte oficial da Câmara Municipal de Cascais (CMC) confirma a veracidade das imagens e informa que o problema foi causado por uma avaria com origem nas Residências Montepio, solucionado de forma alternativa até que a obra corretiva, já adjudicada, esteja concluída. 

“A CMC faz um acompanhamento permanente à qualidade das águas balneares, designadamente realizando análises com mais frequência do que é exigido por lei”, garante a autarquia. Como tal, em março de 2020, reclamações relativas ao mau cheiro na praia da Parede levaram a CMC a solicitar à empresa Águas de Cascais uma vistoria predial ao poço de bombagem das Residências Montepio e essa análise comprovou “não existirem vestígios de águas residuais domésticas“.

No entanto, a CMC indica que foram realizadas, no dia 27 de julho, “novas análises à água do poço de bombagem das Residências Montepio“. Os resultados dessas novas análises detectaram então “a presença de águas residuais domésticas” tanto no poço, como no “respetivo ponto de descarga“.

A empresa Águas de Cascais (AdC) realizou depois uma nova vistoria predial às Residências Montepio que confirmou a contaminação no interior do poço de bombagem. Devido aos resultados, “a AdC notificou as Residências Montepio, no dia 4 de agosto, no sentido de procederem à identificação da origem desta ocorrência, bem como à reparação necessária para a eliminar”. O prazo legal para a resolução do problema era de 30 dias.

De acordo com a CMC, as imagens em causa foram captadas posteriormente (o autor da publicação indica que datam de 13 de agosto). Em declarações ao Polígrafo, a CMC alega que a descarga “terá sido provocada por uma avaria na programação da bomba, de acordo com informação transmitida pelas Residências do Montepio“.

No dia seguinte “foi efetuado o desvio da água de bombagem [contaminada] para a rede residual” e permanecerá assim “até ao final da obra corretiva, caso seja tecnicamente viável, impedindo que chegue água com vestígios de ARD [águas residuais domésticas] ao mar”, explica a autarquia.

A CMC informa ainda que o responsável de manutenção das Residências Montepio garantiu à autarquia que a obra corretiva “já foi adjudicada“. Mais, assegura que o problema está a ter “um acompanhamento permanente” da CMC e sublinha que “todas as análises à qualidade das águas balneares que foram efetuadas entretanto na praia da Parede, no total de sete, apresentaram valores dentro dos parâmetros de referência“.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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