Entre as centenas de comentários à publicação em causa, muitos garantem que a fotografia foi captada numa rua de Lisboa, enquanto alguns outros duvidam da veracidade da mesma. Não há qualquer referência quanto à localização e à data da imagem, apenas a mensagem em que se diz ser uma “portuguesa e a sua filha pequenina a dormir na rua“, estabelecendo um contraste com “os marroquinos que desembarcaram em Monte Gordo numa pequena embarcação”.

Esta imagem é autêntica?
Através de uma pesquisa na aplicação TinEye, o Polígrafo verificou que a imagem em causa começou a ser partilhada em novembro de 2017, numa página do fórum online Reddit. Também há vários registos de publicações quase simultâneas no Facebook, mas a do Reddit parece ser a mais antiga.
Nessa publicação original é indicado que a fotografia foi captada na cidade francesa de Bordéus. “Uma mulher sem-abrigo tentando manter quente o seu filho de quatro anos de idade. Bordéus, França, 3 de novembro de 2017″, descreve-se na legenda da imagem.

Na mesma altura, ou mais especificamente no dia 7 de novembro de 2017, a página online da Sud Radio publicou um artigo sobre a imagem que estava a tornar-se viral nas redes sociais em França, confirmando que se tratava de uma fotografia captada na Rue Saint-Catherine, em Bordéus.
Desde então que a imagem em causa já se espalhou pelas redes sociais de vários países, em diversas línguas, na maior parte das vezes associada a mensagens em que se critica os políticos locais de inação perante o flagelo das pessoas sem-abrigo que dormem nas ruas. Também é recorrente a comparação com os imigrantes ou refugiados, induzindo a ideia de que têm direito a casas oferecidas pelo Estado, ao contrário dos sem-abrigo nacionais.
Concluindo, a fotografia não é recente, não foi captada em Portugal, não há qualquer indicação de que se tratasse de uma pessoa sem-abrigo de nacionalidade portuguesa, é um filho de quatro anos e não uma filha… A publicação em análise difunde uma série de falsidades.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é: