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Imagem de cartão de militante no PCTP/MRPP de Ana Gomes é autêntica?

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Desde que anunciou a sua candidatura à Presidência da República, a ex-eurodeputada Ana Gomes tem sido um alvo recorrente de "fake news" nas redes sociais, entre as quais várias já sinalizadas como tal em artigos do Polígrafo. A mais recente exibe um suposto cartão de militante da visada no PCTP/MRPP, ao qual esteve ligada nos tempos de estudante na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, facto que nunca negou. O problema é que o cartão é falso, não passa de uma imagem manipulada a partir de um cartão verdadeiro de António Garcia Pereira. Mais uma "fake news" com centenas de partilhas.

“Queres mais? Ou Chega?” É desta forma que o autor da publicação apresenta a imagem de um suposto cartão de militante de Ana Gomes no PCTP/MRPP, com fotografia tipo passe da mesma (quando era mais jovem), número de militante e nome completo.

Esta publicação já acumula mais de 400 partilhas no Facebook e foi denunciada por vários utilizadores como sendo falsa ou enganadora.

A imagem do documento é autêntica?

Questionada diretamente pelo Polígrafo, Ana Gomes sublinha desde logo que “o documento é falso“, na medida em que nunca preencheu “qualquer carta ou documento de registo no PCTP/MRPP”, assim como nunca tevequalquer cartão de militância” no partido em causa.

Por outro lado, Ana Gomes confirma a sua antiga ligação ao PCTP/MRPP, facto que aliás nunca negou. Em declarações ao Polígrafo, a atual militante do PS recorda que integrou duas estruturas do PCTP/MRPP, uma enquanto “militante dos comités de luta anti-colonial” e, mais tarde, entre 1974 e 1976, enquanto “militante do MRPP na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, quando eleita para a comissão de estudantes e de gestão da Faculdade de Direito”. Trabalhou ainda como “membro da comissão de imprensa do Comité Central”.

Afastei-me do partido em janeiro de 1976 e, tal como nunca preenchi qualquer inscrição, também não procedi à desinscrição”, conclui.

A imagem do cartão falso terá sido manipulada a partir da imagem de um cartão verdadeiro de António Garcia Pereira (militante do partido desde 1974 e respetivo líder entre 1982 e 2015), exibida num artigo do jornal “Observador”, datado de 25 de maio de 2017. Nesse artigo conta-se a história da atribulada demissão de Garcia Pereira da liderança do PCTP/MRPP, em conflito aberto com o fundador Arnaldo Matos.

Cartões

No número de militante, por exemplo, bastou acrescentar um “quatro” ao original de Garcia Pereira, sendo notoriamente inverosímil que entre um e outro (contemporâneos no início da ligação ao partido) existisse uma diferença de 40 mil inscrições de militantes.

Quanto à fotografia tipo passe de Ana Gomes, é verdadeira e terá sido recortada a partir de um artigo da revista “Visão”, datado de 28 de junho de 2020, no qual se conta “toda a história de uma indignada militante que quer ser Presidente da República”.

Em conclusão: diplomata de carreira, militante do PS, ex-eurodeputada e atual candidata à Presidência da República, Ana Gomes nunca escondeu a sua antiga ligação ao PCTP/MRPP, nos tempos de estudante universitária e em pleno processo de transição para a democracia em Portugal; no entanto, o facto é que nunca teve um cartão de militante desse partido; trata-se de uma imagem falsa, manipulada a partir de outra imagem, ludibriando as pessoas e reproduzindo desinformação.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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