“No seu depoimento à IGF, diz que apenas conheceu o valor e que não soube mais nada dessa indemnização [a Alexandra Reis]. Este depoimento foi dado a 18 de janeiro de 2023. Hoje, sabemos que soube de outras coisas para além do valor da indemnização: do seguro, das questões relacionadas com outras facilidades. Mentiu à IGF? Porque diz que só conheceu o valor, mas isto não é propriamente o valor. São outros aspetos acessórios”. André Ventura falava no início da segunda parte da longa audição ao ex-secretário de Estado de Pedro Nuno Santos, Hugo Mendes, na CPI à TAP.
A bengala era a questão feita pelo social-democrata Paulo Moniz, na primeira parte, que quis saber se Hugo Mendes não tinha revelado a Miguel Cruz, antigo secretário de Estado do Tesouro, o valor da indemnização de meio milhão de euros paga a Alexandra Reis, ex-administradora da TAP. O ex-membro do gabinete de Pedro Nuno Santos garantiu ter deixado de comunicar com Cruz em dezembro de 2021: “Foi um lapso, que assumo, mas pareceu-nos que, do ponto de vista da avaliação política, a leitura podia ser feita por nós sem prejuízo de todos os atos societários serem cumpridos pela empresa na articulação com as Finanças.”
É depois de Paulo Moniz perguntar a Hugo Mendes se este disse mesmo à IGF que não tinha conhecimento do acordo feito com Alexandra Reis que o antigo secretário de Estado reafirma: “Sim, eu não tinha conhecimento do clausulado.” Moniz insiste e pergunta se Mendes sabia ou não, a fevereiro de 2022, que o valor da indemnização era de 500 mil euros. Mendes responde: “Como valor global, sim.” Moniz acrescenta: “Soube ou não da manutenção do seguro de saúde por dois anos?” O ex-secretário de Estado escolhe sintetizar: “Sr. deputado, eu sei tudo o que está no e-mail, mas posso também dizer-lhe uma coisa. Todas essas questões não estão no clausulado, fazem parte do anexo 2″.

Em causa um seguro de saúde por dois anos, um seguro de vida até 2024, apoio judicial a litigâncias futuras, manutenção de carro e telemóvel. Paulo Moniz prosseguiu as questões e Hugo Mendes respondeu afirmativamente a todas elas. “Isso não é conhecimento profundo das condições de saída de Alexandra Reis?”, questionou o deputado do PSD. “São as condições indemnizatórias de um acordo que eu não conheço. Não conheço o clausulado”, tornou Hugo Mendes.
Minutos mais tarde, já com Ventura a acusar o ex-secretário de Estado de ter mentido à IGF, Mendes esclareceu: “Quando fala dos fringe beneficts, de eu ter mentido à IGF. Repare: isso para mim é tudo dinheiro. A IGF contabilizou esses benefícios acessórios em seis mil euros. Não estou a dizer que é muito ou que é pouco. É dinheiro.”
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