“Hillary Clinton fez uma aparição na CNN onde afirmou que estão perdendo total controlo. Ela defendeu que as empresas de redes sociais devem aumentar a censura sobre a desinformação conservadora”, lê-se numa publicação que viralizou na rede social Threads.
A acompanhar a alegação, surge um vídeo que mostra o alegado momento em que, na antena da CNN Internacional, a ex-candidata à presidência dos Estados Unidos terá proferido tais declarações.
Nesse momento, terá dito, sobre as regras em vigor nas redes sociais, que seria necessário “revogar algo chamado ‘Section 230’, que concedeu imunidade às plataformas na Internet porque se pensava que eram apenas intermediárias, que não deveriam ser julgadas pelo conteúdo que é publicado”.
E concluiu o argumento: “Mas agora sabemos que essa era uma visão excessivamente simplista. Se as plataformas, seja o Facebook, o Twitter/X, o Instagram, o TikTok ou qualquer outra, não moderarem nem monitorizarem o conteúdo, perderemos o controlo total”.
Foram estas declarações devidamente atribuídas a Hillary Clinton?
Através de pesquisa reversa, é possível concluir que o excerto em causa foi retirado da entrevista realizada pelo radialista Michael Smerconish, no contexto do seu programa semanal na CNN Internacional, à antiga secretária de Estado. Conteúdo esse que foi publicado, na íntegra, no canal do YouTube do próprio, no passado dia 28 de setembro.
Durante a entrevista, Hillary Clinton foi convidada a falar sobre o seu mais recente livro, intitulado “Something lost, something gained”, sobre o qual detalhou: “Queria escrever sobre a amizade e a família e por que razão é importante pensar realmente no que os nossos filhos precisam para terem a melhor vida possível.”
Acrescentou, ainda, em resposta a Michael Smerconish, que nessa obra escreveu sobre o seguinte: “o facto de não achar que os nossos filhos estão bem, porque acho que se tornaram viciados nas redes sociais.” Tendo elaborado: “Penso que os telemóveis nos seus bolsos ou nas suas bolsas têm um enorme impacto na forma como passam o tempo, se interagem com outras pessoas. E agora sabemos que muitas vezes as crianças são afectadas por ansiedade ou depressão, todo o tipo de problemas que estão pelo menos ligados, se não causados, por esta dependência do ecrã.”
Questionada sobre como é possível reverter essa situação, Hillary Clinton apontou, considerando que “esta questão deveria estar no topo de todas as agendas políticas legislativas”: “Há pessoas que estão a defender esta causa, mas tem sido um caminho longo e difícil para conseguir fazer alguma coisa. Na verdade, podemos olhar para o estado da Califórnia ou de Nova Iorque, e penso que alguns outros estados também tomaram medidas, mas precisamos de uma ação nacional. E, infelizmente, o nosso Congresso tem sido disfuncional quando se trata de enfrentar estas ameaças às nossas crianças.”
É no momento em que aborda as medidas que podiam efetivamente combater esta realidade que a ex-primeira-dama notou que, na sua ótica, os Estados Unidos deviam “revogar uma coisa chamada ‘Section 230‘”, que prevê o seguinte: “Nenhum fornecedor ou utilizador de um serviço informático interativo será tratado como editor ou locutor de qualquer informação fornecida por outro fornecedor de conteúdos de informação.”
Uma lei que, elaborou Hillary Clinton, “deu imunidade às plataformas na Internet, porque se pensava que eram apenas passagens, que não deviam ser julgadas pelo conteúdo publicado”. E elaborou imediatamente: “Mas agora sabemos que essa era uma visão excessivamente simplista. Se as plataformas, seja o Facebook, o Twitter/X, o Instagram, o TikTok ou qualquer outra, não moderarem nem monitorizarem o conteúdo, perderemos o controlo total.”
Porém, referiu imediatamente não apenas o “efeito social e psicológico”, mas também dos “danos reais”, que a dependência dos ecrãs tem nas faixas etárias mais jovens: “É pornografia infantil e ameaças de violência, coisas que são terrivelmente perigosas. Por isso, não podia estar mais de acordo consigo. Precisamos de eliminar a imunidade de responsabilidade e precisamos de ter barreiras de proteção. Precisamos de regulamentação.”
Citou ainda imediatamente uma “grande experiência” que tem vindo a ser desenvolvida nesse sentido e que passa, de forma concreta, por “retirar os telemóveis das escolas”, dando “provas” de que é preciso “fazer mais” para combater esta questão. “Estou muito contente por ver escolas a começar a fazer isso, em que os miúdos entregam o telemóvel quando entram pela porta”, notou ainda a ex-secretária de Estado, apontando as consequências positivas desta iniciativa: “as crianças prestam mais atenção às aulas, falam uns com os outros no refeitório. Coisas que costumavam fazer parte do teu dia-a-dia quando eras criança em idade de escola.”
Concluindo, em qualquer momento Hillary Clinton defendeu, nesta entrevista, que era necessário “aumentar a censura” nas redes sociais para garantir o “controlo total”. Detalhou, apenas, o que considerava ser necessário para proteger as crianças dos perigos das redes sociais.
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