- O que está em causa?"No vax, no food", ou "sem vacina, sem comida", em tradução livre para português, tem sido uma frase amplamente partilhada no Twitter a propósito de um discurso do primeiro-ministro ucraniano. De acordo com as publicações nas redes sociais, Denys Shmyhal terá anunciado um plano de apoio para os cidadãos afetados pela guerra, mas apenas para quem está vacinado contra a Covid-19 e tem o certificado digital. Confirma-se?

"As tais teorias da conspiração", escreve o autor de uma publicação no Twitter, de 21 de março, onde é partilhada uma imagem que inclui parte de um texto em português, outro em francês e ainda uma captura de ecrã onde se vê Denys Shmyhal, primeiro-ministro da Ucrânia.
No texto em português é possível ler que o "governo ucraniano dará ajuda financeira às pessoas que estão sem trabalho e sem dinheiro devido à guerra. Para o efeito, as pessoas terão que ter um certificado digital, que funciona como porta-moedas digital e poderá ser obtido, exclusivamente, através da vacinação". Já em francês, acrescenta-se que "um representante do governo ucraniano anunciou que os cidadãos e empresas que perderam o seu emprego, as suas economias e os seus negócios, podem beneficiar de um apoio governamental".

Também no Twitter tem sido partilhado um excerto de uma intervenção do chefe de Governo ucraniano e a frase "No vax, no food", ou "sem vacina, sem comida", em tradução livre para português. As publicações referem, na sua larga maioria, que apenas os cidadãos vacinados podem ter acesso a esta ajuda de emergência do Governo. "Já estão a juntar os pontos?", questiona-se ainda.

O vídeo que tem sido partilhado, com 51 segundos, está dobrado em inglês. A certa altura, Denys Shmyhal anuncia um plano para ajudar os cidadãos ucranianos afetados pela guerra com uma verba de 6,500 hryvnias (200 euros) e explica que o apoio vai funcionar "por analogia com os incentivos da vacinação, ou seja, através da aplicação Diia".
Contudo, na versão completa do discurso feito a 6 de março, com cinco minutos de duração, disponível na sua página oficial no Facebook e no canal em inglês da UATV no YouTube, é possível perceber que o primeiro-ministro estava apenas a explicar como o apoio pode ser pedido e recebido.
A aplicação Diia, referida pelo primeiro-ministro, foi lançada em 2020 pelo Governo ucraniano para ajudar os cidadãos a ter documentos importantes disponíveis no telemóvel, como o cartão de cidadão e a carta de condução. Em dezembro de 2021, a mesma aplicação foi usada pelo Governo para oferecer incentivos à vacinação da população, no valor de 1.000 hryvnias (pouco mais de 30 euros).
Assim, Denys Shmyhal apenas explica que o apoio agora dado pelo Govermo ucraniano às vítimas da guerra será pago através da mesma aplicação, não havendo qualquer referência à obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 ou ao certificado digital.
No discurso feito três dias antes, a 3 de março, também o presidente Volodymyr Zelensky garantiu: "Todos os trabalhadores, todos os empresários, todos os cidadãos a quem a Rússia tirou a oportunidade de trabalhar, vão receber 6,500 hryvnias sem qualquer condição adjacente."
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
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Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações "Falso" ou "Maioritariamente Falso" nos sites de verificadores de factos.
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