A alegação foi partilhada na rede social Facebook a 3 de outubro, tendo causado algumas dúvidas entre aqueles que com ela se depararam. Dava conta de que o “governo alemão foi apanhado a canalizar mil milhões de dólares em dinheiro do contribuinte para Bill Gates para ajudá-los a despovoar o país de ‘cidadãos indesejáveis’”.

A publicação cita um alegado “inquérito parlamentar oficial”, acrescentando que o “governo alemão enviou 3,8 mil milhões de euros (4,15 mil milhões de dólares) à fundação de Bill Gates para financiar o ‘controlo populacional’ e outros esquemas do FEM (Fórum Económico Mundial) na Alemanha”.

“Os documentos mostram que os contribuintes alemães entregaram, sem saber, milhares de milhões de dólares para pagar esquemas de despovoamento promovidos por organizações globalistas como o FEM e a ONU (Organização das Nações Unidas)”, aponta ainda este “post”.

Mas será que é verdade?

Não. A publicação aqui analisada remete para um conteúdo partilhado na página “The People’s Voice” - que, por sua vez, cita uma “análise do documento de 117 páginas” realizada pelo “site” alemão “Transparenztest”, num artigo intitulado “Governo alemão apoia projectos da Fundação Gates com 3,8 mil milhões de euros”.

Este último “site” remete para dados de financiamento fornecidos pelo próprio Governo alemão, numa resposta escrita datada de 29 de junho a uma pergunta parlamentar sobre a cooperação alemã com fundações privadas. No artigo, é feita referência ao facto de a “Fundação Bill & Melinda Gates” ser “fortemente apoiada pelo Governo federal”, mas sem ser feita qualquer referência a matérias de “controlo populacional”.

No documento citado, apresenta-se, de facto, uma vasta listagem ilustrativa dos fundos atribuídos pelo governo alemão à referida entidade no período 2017-2030 - em matérias de promoção da saúde, agricultura, emprego e desenvolvimento, entre muitas outras -, mas nenhuma delas diz respeito a intervenções no domínio do “controlo populacional”.

Importa ainda notar que a “Fundação Bill e Melinda Gates” tem sido, ao longo dos últimos anos, associada a semelhantes alegações infundadas. Eis um exemplo: segundo avançado pela Reuters em janeiro de 2021, tinham sido associadas ao filantropo declarações acerca da necessidade de “esterilização e controlo populacional”. Porém, não há nada que comprove que as mesmas tenham sido proferidas.

Já a Associated Press explicou, num artigo publicado no ano passado, que informações que circulavam nas redes sociais, dando conta de que o nome original desta fundação seria “Instituto para o Controlo Populacional Bill e Melinda Gates”, eram, também elas, completamente falsas.

______________________________

Avaliação do Polígrafo:

Assine a Pinóquio

Fique a par dos nossos fact checks mais lidos com a newsletter semanal do Polígrafo.
Subscrever

Receba os nossos alertas

Subscreva as notificações do Polígrafo e receba os nossos fact checks no momento!

Em nome da verdade

Siga o Polígrafo nas redes sociais. Pesquise #jornalpoligrafo para encontrar as nossas publicações.