- O que está em causa?Na origem dos números está um "tweet" de 18 de maio, que acusa o Serviço Nacional de Saúde (SNS) de estar a empurrar os utentes para o privado: "O SNS funciona tão bem que três milhões de portugueses decidem pagar duplamente por cuidados de saúde: uma vez via impostos, outra via seguro de saúde." Tal como o Polígrafo já tinha confirmado, são ao todo 3,3 milhões de portugueses com seguro de saúde.

"O SNS funciona tão bem que três milhões de portugueses decidem pagar duplamente por cuidados de saúde: uma vez via impostos, outra via seguro de saúde", escreveu o autor de um tweet, a 18 de maio.
"Para aqueles que dizem que é a empresa que paga os seguros: convém terem noção de que 'fringe benefits' são outra forma de rendimentos; saem de um pacote salarial. Se não fossem gastos em seguros de saúde seriam noutra coisa qualquer. Ou seja, é o trabalhador que os paga", continua o tweet em análise.

Um dia antes da publicação deste tweet, um estudo da Basef Seguros, realizado pela empresa de estudos de mercado Marktest, dava conta de que, "para o acumulado do ano 2021, 3 milhões e 87 mil portugueses possuem ou beneficiam de seguro de saúde". Outras conclusões mostram que este número representa quase o dobro do registado há 16 anos e que, desde 2015, mais um milhão de pessoas aderiram a este benefício e ao seu custo.
Os dados do Basef mostram ainda que "a posse deste seguro é bastante diversa entre a população, mostrando comportamentos heterogéneos entre as classes sociais, idade e regiões" e que "os indivíduos pertencentes à classe social alta e média alta têm uma taxa de posse de seguro de saúde cerca de duas vezes superior à dos indivíduos das classes média baixa e baixa".
"Por idades, observa-se que os indivíduos entre os 25 e os 34 anos e entre os 35 e os 44 anos apresentam uma taxa de posse de seguro bastante acima da média (respetivamente, 44.4% e 43.8%) baixando com o aumento da idade, até à taxa de posse de 21.3% nos indivíduos com mais de 64 anos", informa a empresa.
Analisando os dados por região, verifica-se que "a percentagem de posse mais elevada deste tipo de produto regista-se na Grande Lisboa, com 43.5%, um valor muito acima do observado entre os residentes no Interior Norte, onde não ultrapassa os 26.3%".
Em janeiro deste ano o Polígrafo contactou a Associação Portuguesa de Seguradores (APS), de forma a obter valores mais precisos, e a entidade confirmou os dados mais recentes, que apontam para um total de 3,3 milhões de pessoas com seguro de saúde. Além disso, a APS confirmou ainda que "a ADSE e os planos de saúde não são contratos de seguros de saúde", embora na prática funcione como tal.
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Avaliação do Polígrafo:
