Publicações no “Facebook”, partilhadas dezenas de milhares de vezes desde janeiro de 2021, garante que “o sistema educativo do Japão é tão revolucionário que atualmente forma as crianças como ‘cidadãos do mundo’, não como japoneses”. Em causa um “revolucionário plano piloto chamado ‘Mudança Valente’ (Futoji no henko), baseado nos programas educacionais Erasmus, Grundtvig, Monnet, Ashoka e Comenius”.
O conteúdo circula pelo menos desde 2011 em diversos idiomas, mas será verdadeiro?
Não. O termo “Futoji no henko” não está sequer disponível no site do Ministério da Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia do Japão. À “AFP”, um funcionário deste ministério garantiu nunca ter ouvido falar desta expressão. No mesmo portal, menciona-se que a última reforma (Lei da Educação Básica) foi feita em 2006 “com o objetivo de desenvolver ainda mais o Estado democrático e cultural” do país e de “contribuir para a paz mundial e melhorar o bem-estar da humanidade”.
Assim, explica à “AFP” o Ministério, em 2008 foi lançado o Primeiro Plano Básico para o fomento da educação, com diretrizes para atingir os objetivos previstos na Lei. Em 2013 foi implementado o segundo e finalmente, em 2018, o terceiro. Em nenhum deste projetos é referido o termo “Futoji no henko” ou o objetivo de formar “cidadãos do mundo”. Pelo contrário, a Lei Básica da Educação afirma que “a educação deve ser ministrada com o objetivo de desenvolver plenamente o caráter individual”.
Quanto às “cinco disciplinas” que as publicações garantem ser as únicas no novo plano de educação japonês, o Ministério negou à “AFP” que seja assim. Para exemplificar, um documento publicado em 2015 pelo Ministério mostra um esquema de disciplinas para o ensino – mais do que cinco – e que incluem tópicos como História japonesa, Economia, Física, Química, Artes e Ofícios, Música e Desporto.
___________________________
Avaliação do Polígrafo: