Na imagem surge Khaled Mashal, apresentado como sendo "um dos fundadores do grupo terrorista palestiniano Hamas". De acordo com várias publicações nas redes sociais, "fez um pronunciamento hoje ordenando que nesta sexta-feira, 13 [de outubro], todos os islâmicos no mundo iniciem uma Jihad contra todos os judeus que encontrarem nas ruas".

"E que se convertam em mártires pelo Hamas", sublinha-se, em referência à prática de atentados suicidas. E acrescenta-se que "pediu também aos talibãs [do Afeganistão] que venham em auxílio do grupo terrorista palestiniano Hamas".

Esta história tem algum fundamento?

Primeiro, o contexto: o movimento islamista palestiniano Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, realizou uma série de ataques em território de Israel no dia 7 de outubro, provocando mais de 1.300 mortos e raptando centenas de pessoas que mantém como reféns; seguiu-se uma contraofensiva militar de Israel que já resultou em mais de 4.300 mortos do lado palestiniano.

É neste contexto que as supostas declarações de Khaled Mashal - a apelar a uma "Jihad contra todos os judeus que encontrarem nas ruas" - estão a ser propagadas nas redes sociais.

No entanto, de acordo com uma recente notícia da Reuters, o facto é que Khaled Mashal (cujo nome também pode ser escrito como Khaled Meshaal) já não é líder da estrutura política do Hamas. Segundo a mesma fonte, exerceu tais funções entre 1996 e 2017.

Além disso, segundo apurou entretanto a "Agência Lupa", as declarações aqui em causa têm origem num vídeo enviado por Khaled Mashal à Reuters, no dia 11 de outubro. Na realidade, o ex-líder do Hamas apelava à realização de manifestações de apoio aos palestinianos em todo o mundo muçulmano, apontando para o dia 13 de outubro.

"Devemos dirigir-nos às praças e ruas do mundo árabe e islâmico na sexta-feira", afirmou Mashal, defendendo que os países da região - nomeadamente a Jordânia, a Síria, o Líbano e o Egipto - têm o dever de apoiar os palestinianos.

"Tribos da Jordânia, filhos da Jordânia, irmãos e irmãs da Jordânia... Este é um momento de verdade e as fronteiras estão perto de vós, todos vós conheceis a vossa responsabilidade", enfatizou.

Quanto a uma referência à Jihad que é feita nessas declarações, trata-se de uma palavra árabe que no mundo ocidental tende a ser traduzida como "guerra santa" (ou deturpada para "matança") mas que, na verdade, significa primordialmente "luta".

"A todos os académicos que ensinam a Jihad... A todos os que ensinam e aprendem, este é um momento para a aplicação", disse Mashal no vídeo em questão.

De resto, não há qualquer menção a "judeus", pelo que estamos perante um conteúdo de desinformação.

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