A guerra em curso no Médio Oriente foi um dos temas em debate, esta manhã, na rádio Observador, entre António Tânger Corrêa (Chega) e Francisco Paupério (Livre). Sobre o assunto, o primeiro dos candidatos considerou que “os conflitos não devem ser tratados de forma simplista” e, ainda, que “a União Europeia sempre enviou ajuda aos palestinianos”.
Na sequência de tais afirmações, o cabeça de lista do Livre notou que “Israel corta essa ajuda”, tendo já sido responsável pela destruição de camiões de ajuda humanitária destinados ao povo palestiniano. O vice-presidente do Chega assegura que tal não é verdade, notando que “Israel destruiu” carregamentos dessa natureza “porque iam diretos para o Hamas”, acrescentando que “grande parte dos funcionários das Nações Unidas estão ligados” a este grupo militante islâmico. O que motivou uma reação imediata por parte de Paupério: “Tânger está a dizer uma mentira.”
Quem tem razão?
Neste caso, será o candidato do Livre. De acordo com uma investigação da CNN Internacional, partilhada a 21 de fevereiro com base em documentos partilhados pela referida organização intergovernamental, as “forças israelitas dispararam contra um comboio [humanitário] das Nações Unidas, que transportava alimentos vitais, no centro de Gaza, a 5 de fevereiro, antes de finalmente impedirem a passagem dos camiões para a parte norte do território”, onde um elevado número de palestinianos se encontrava “à beira da fome”.
Sobre o tema, a CNN Internacional diz ter tido acesso a “correspondência entre a ONU [Nações Unidas] e os militares israelitas”, a qual “mostra que a rota do comboio foi acordada por ambas as partes antes do ataque”. Citando um “relatório interno do incidente, compilado pela UNRWA, a principal agência de ajuda humanitária da ONU em Gaza”, concluiu-se que “o camião era um dos 10 que fazia parte de um comboio que se encontrava parado num ponto de detenção das FDI [Forças de Defesa de Israel] quando foi alvo de disparos”.
O mesmo meio de comunicação social noticiou ainda que, na sequência deste ataque de 5 de fevereiro, “a UNRWA decidiu suspender o envio de comboios [humanitários] para o norte de Gaza”.
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