Sim, é verdade, no dia 13 de janeiro de 1982, em plena tempestade de neve, um avião comercial da Air Florida descolou do Aeroporto Nacional de Washington (entretanto rebaptizado como Aeroporto Nacional Ronald Reagan de Washington) mas só conseguiu alcançar uma altitude de cerca de 350 pés e acabou por se despenhar contra uma ponte, caindo depois sobre o rio Potomac que estava coberto de gelo.
Morreram 74 pessoas que viajavam no interior do avião, entre tripulantes e passageiros, mais quatro pessoas que circulavam em automóveis na ponte que foi atingida. O jornal “The Washington Post” exibe várias fotografias das operações de resgate de sobreviventes no rio, assim como dos destroços do avião, mas não do momento do trágico embate na ponte.
Na imagem que está a ser difundida nas redes sociais – como se fosse um registo autêntico do momento do embate – não é perceptível a tempestade de neve, desde logo na estrada e nas bermas da ponte que não apresentam sequer vestígios de neve ou gelo. Comparando com as fotografias publicadas no jornal “The Washington Post” sobressai um evidente contraste, quer nas condições climatéricas, quer na própria resolução das imagens.
Através de uma pesquisa na ferramenta TinEye verificamos que a imagem em causa não é real, mas tão só uma ilustração, em formato de arte digital, criada pelo designer gráfico canadiano Steve McGhee. Foi publicada online pela primeira vez em 2009.
Mais recentemente, em 2016, surgiu numa galeria de ilustrações de McGhee em destaque na página “Bored Panda”, com o seguinte título: “O fim do mundo exibido em assustadoras manipulações de fotografias por Steve McGhee.”
Na sequência de desastres ilustrados, sublinhe-se, a do desastre do avião em Washington DC é a mais realista. Desde logo por ter sido um acontecimento histórico (que aconteceu de verdade) e não incluir elementos mais fantasiosos (invasões de alienígenas, por exemplo) e caricaturais, ao contrário das outras ilustrações de McGhee. E daí talvez a sua difusão (equivocada) nas redes sociais, tantos anos depois, como se fosse uma imagem autêntica. Não, não é real.