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Fotografia que retrata destruição da Praça da Independência em Kiev é atual?

Ucrânia
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Duas fotografias da Praça da Independência em Kiev, na Ucrânia, têm sido partilhadas lado a lado nas redes sociais. Numa imagem vê-se a praça em todo o seu esplendor; na outra, o local está destruído, em chamas e ruínas. De acordo com as publicações, a destruição da praça aconteceu no final de fevereiro de 2022, em plena invasão por forças militares da Rússia. Confirma-se?

“Ucrânia 20.02.2022. Ucrânia 25.02.2022”, escreve o autor de uma das muitas publicações semelhantes encontradas pelo Polígrafo no Facebook. No post são partilhadas duas fotografias da Praça da Independência em Kiev, num aparente “antes e depois” da invasão russa, que começou na madrugada de 24 de fevereiro.

Será a imagem da praça destruída autêntica e atual?

A fotografia é verdadeira mas não é atual. O registo da fotógrafa da agência Reuters, Olga Yakimovich, foi feito há oito anos, a 19 de fevereiro de 2014. No arquivo da Reuters é possível encontrar a fotografia que, na altura, foi selecionada como “Escolha do Editor”.

créditos: © Reuters

Em 2014, a Praça da Independência ou Maidan (“praça” em ucraniano) foi palco de violentos confrontos entre manifestantes e forças policiais que provocaram centenas de mortos. Tudo começou a 21 de novembro de 2013, quando o então Presidente ucraniano, Viktor Ianukovich, anunciou que afinal não ia assinar o Acordo de Parceria com a União Europeia, na cimeira de Vilnius.

A decisão, que mantinha o país mais próximo da Rússia do que do Ocidente, desiludiu muitos ucranianos que decidiram manifestar-se nas ruas de Kiev e acampar na Praça da Independência. Ianukovich desvalorizou mas, apesar do frio e da neve, os protestos mantiveram-se e milhares de pessoas recusaram abandonar a Maidan.

Em janeiro de 2014, foram aprovadas leis como a proibição de ajuntamentos públicos e da atividade de organizações com apoio estrangeiro. Nesta altura, já não era apenas o acordo com a União Europeia que estava em causa e os manifestantes exigiam também a demissão de Ianukovich e uma refundação democrática.

O regime de Ianukovich acabaria por cair, levando à fuga do presidente ucraniano para a Rússia e à extinção do Partido das Regiões. No entanto, a queda de Ianukovich apenas deu início a uma nova crise quando a Crimeia foi anexada pela Rússia, em março de 2014, e depois, em abril, quando o exército ucraniano começou a combater milícias separatistas pró-russas no Donbass, no Leste do país. As áreas controladas pelos separatistas em Donbass ficaram conhecidas como as Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk, agora reconhecidas pelo presidente russo, Vladimir Putin, como Estados independentes.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:

Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:

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