É nitidamente Meryl Streep, numa carruagem do Metro de Nova Iorque, EUA. O que está em causa, porém, é a descrição da fotografia que supostamente terá sido escrita (e difundida através das redes sociais) pela própria atriz norte-americana.
“Esta sou eu quando regressava a casa após uma audição para o ‘King Kong’ onde me foi dito que era demasiado ‘feia‘ para o papel. Este foi um momento crucial para mim. Aquela opinião desonesta poderia inviabilizar os meus sonhos de me tornar uma atriz, ou forçar-me a arregaçar as mangas e acreditar em mim própria. Respirei fundo e disse: ‘Lamento que você ache que eu sou demasiado feia para o seu filme, mas é apenas uma opinião num mar de milhares e vou procurar uma melhor maré.’ Hoje tenho 18 Prémios da Academia”, lê-se no texto que acompanha a imagem, partilhada por milhares de pessoas.
De facto, em 2015, ao ser entrevistada no programa televisivo britânico “The Graham Norton Show”, emitido na BBC One, Meryl Streep contou uma história sobre a sua audição para um papel no filme “King Kong”, em Nova Iorque. A atriz recorda que o produtor Dino De Laurentiis comentou com o seu filho, Federico, em italiano: ‘Porque é que me trazes esta coisa feia?‘”
Mas Streep também falava italiano, tendo respondido prontamente, na mesma língua: “Eu compreendo o que vocês estão a dizer. Lamento não ser suficientemente bonita.”
Ou seja, há um fundo de verdade na história que é contada na descrição da imagem, tendo como base o que Streep disse numa entrevista televisiva em 2015. O problema é tudo o resto que não bate certo, por entre vários elementos falsos e retirados do devido contexto.
Desde logo o facto de não se tratar de um texto escrito por Streep, nem tão pouco difundido nas redes sociais da multipremiada atriz, segundo verificou a plataforma “CheckYourFact”.
Mais, a fotografia foi captada no Metro de Nova Iorque em 1981, fazendo parte da série “The Life Picture Collection” da revista norte-americana “Life”. Ora, o remake do filme “King Kong“, produzido por Dino De Laurentiis, estreou no ano de 1976, com Jessica Lange no papel de Dwan que tinha sido disputado por Streep.
Outro elemento falso: apesar de ter 21 nomeações para Oscars de “Melhor Atriz Principal” (17) e “Melhor Atriz Secundária” (4), recordista absoluta de nomeações, Streep apenas venceu o prémio três vezes (e não 18, como se destaca no post), sempre como “Melhor Atriz Principal”. Mais especificamente, ganhou pela sua representação nos filmes “Kramer Contra Kramer” (1979), “A Escolha de Sofia” (1982) e, mais recentemente, “A Dama de Ferro” (2011).
Resumindo, apesar do fundo de verdade da história (mesmo assim com muitas coisas inventadas, sobretudo a parte da “lição de vida” que Streep terá retirado desse episódio com os De Laurentiis), tudo o resto é falso ou descontextualizado.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é: