- O que está em causa?Foi partilhado um vídeo nas redes sociais mostrando um comboio, alegadamente pertencente ao Metro de Lisboa, no qual se pode ver um aglomerado de pessoas sem cumprir as regras de distanciamento físico. Mas essas imagens são autênticas? Verificação de factos.

"Linha amarela, hoje 25 de Junho, percurso Odivelas - Rato às 07:50. Se é para isto que implementaram novas medidas para Lisboa fuck it, não podiam estar mais longe de conhecer a realidade. Espero que fique desvendado o mistério para o aumento de casos em Lisboa", lê-se na publicação em causa.

Mas serão as imagens reais?
O Polígrafo falou com Sofia Figueiredo, vigilante com 43 anos de idade, que é a autora das imagens. Sofia afirma que as fotografias foram tiradas no dia 25 de junho às 7:50 na estação de Entrecampos. "Ando de metro todos os dias da semana. À hora de ponta, porque entro às oito. Trabalhei durante o estado de emergência, sendo que resido na margem sul e durante o estado de emergência senti-me sempre em segurança porque trazia carro para Lisboa, em virtude de não haver trânsito, nem pagar parquímetro. Agora é diferente e sou obrigada a vir de transportes devido à fila", conta.
A vigilante reconhece que a situação piorou desde o final do estado de emergência: "Está cheio desde que terminou o estado de emergência, e tem-se agravado nestas duas últimas semanas. O problema é o metro passar só de oito em oito minutos e por vezes com menos carruagens", aponta. A autora das fotografias remeteu igualmente um printscreen para comprovar a hora e a data em que as fotografias foram capturadas.

O Polígrafo contactou fonte oficial do Metropolitano de Lisboa que afirma não poder "confirmar a veracidade de uma fotografia efetuada por terceiros", sendo portanto impossível "provar a sua origem, dia e hora em que as imagens foram captadas."
Questionado em relação ao tráfego dos comboios, a mesma fonte responde que "analisado o fluxo de passageiros de dia 25 de junho às 7h50:01, dia e hora a que as redes sociais dizem que a foto se refere, podemos afirmar que o comboio mais carregado tinha uma carga de 42,4% à saída de Entrecampos. Trata-se de um valor médio referente à totalidade do comboio de seis carruagens, demonstrando, no entanto, os nossos clientes, habitualmente, tendência para se concentrarem nos cais no local que lhes é mais próximo, o que implica que a carga possa não ser distribuída equitativamente, quer a nível do cais, como no interior dos comboios."
"Recorde-se que o Metropolitano de Lisboa tem vindo a apelar aos seus clientes, especialmente nas estações de correspondência com outros meios de transporte, para que continuem a procurar as carruagens mais vazias e, caso seja necessário, que esperem pelo comboio seguinte, no sentido de se manterem os distanciamentos de segurança recomendados", sublinha.
A entidade refere ainda que "a partir de dia 27 de junho vai efetuar mais um reforço das circulações, duplicando a oferta aos fins de semana, durante o período diurno, nas linhas Azul, Verde e Vermelha, fazendo circular comboios de seis carruagens. A partir de dia 29 de junho, a empresa vai igualmente reforçar o controlo do volume de clientes na sua rede, a necessidade de se manter o distanciamento social e a obrigatoriedade do uso de máscaras. Assim, na hora de ponta da manhã (06h30 - 10h30) o Metro e a PSP iniciam um conjunto de ações nesse sentido, nas estações Entrecampos, Jardim Zoológico e Cais do Sodré."
De acordo com o registo do fluxo de passageiros remetido pelo Metropolitano de Lisboa ao Polígrafo, não houve de facto nenhum incumprimento da lotação máxima obrigatória de 2/3. Ainda assim, a fotografia que circula nas redes sociais não deixa de ser autêntica.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações "Verdadeiro" ou "Maioritariamente Verdadeiro" nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
