- O que está em causa?Está a ser partilhada nas redes sociais a fotografia de uma pilha de livros de História da Ucrânia a serem queimados. Vários utilizadores alegam que a imagem expõe a destruição causada pelo exército russo no atual conflito. Apesar de existirem relatos de atos idênticos em zonas ocupadas pela força invasora, esta fotografia em concreto foi captada em 2010, na Crimeia, durante uma manifestação pró-Rússia.

"A Rússia está a queimar livros. Os ocupantes em Melitopol estão a destruir livros de História da Ucrânia. Os russos estão a confiscar livros de estudo de História das bibliotecas. Estes livros, de acordo com os ocupantes, 'promovem ideais nacionalistas', afirma-se num comunicado das Forças de Defesa da região de Zaporizhzhia". Esta é a legenda que acompanha uma fotografia que tem sido partilhada nas redes sociais, pelo menos desde o final de maio, em que se observam vários livros a ser queimados.

A imagem já foi partilhada no Twitter por várias personalidades e figuras políticas, entre elas Carl Bildt, ex-primeiro-ministro da Suécia, que entretanto eliminou o tweet. Melinda Simmons, embaixadora do Reino Unido na Ucrânia, utilizou a mesma rede social para divulgar esta fotografia, com a seguinte descrição: "Queimar livros de História não é desnazificação. É o contrário."
No entanto, esta fotografia está a ser utilizada fora de contexto, dado que foi captada em 2o1o, durante uma manifestação pró-Rússia na Crimeia. Tal como apurou a plataforma de verificação de factos da "France 24", no dia 14 de março de 2010, representantes do Partido Socialista Progressista Progressivo da Ucrânia de Natalia Vitrenko, uma força partidária pró-Rússia, realizaram um protesto em em Simferopol, na Crimeia, onde foram queimados livros sobre a História moderna da Ucrânia.
Um arquivo de imagens ucraniano tem disponíveis várias fotografias do protesto e da queima de dezenas de livros, comprovando-se que são os mesmos que surgem na imagem que está a ser partilhada atualmente.

Apesar de a imagem em análise não ser atual e estar a ser partilhada de forma descontextualizada, a verdade é que várias fontes oficiais ucranianas relatam a queima de livros e a destruição de outros elementos culturais por parte do exército russo desde o início da invasão da Ucrânia.
Na sua página oficial no Facebook, a Agência Central de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia informava, a 24 de março de 2022, que as tropas russas ocupantes estavam a apreender e destruir "literatura ucraniana e livros didáticos de história".

As autoridades ucranianas alegam que estes atos estão a ser realizados nas áreas ocupadas de Lugansk, Donetsk, Chernihiv e Sumy. Além disso, várias bibliotecas ucranianas foram alvo de bombardeamentos na Ucrânia.
