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Fórum Económico Mundial quer proibir concepção natural e “controlar o material genético de cada criança”?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Uma publicação no Facebook replica uma notícia de um alegado jornal brasileiro denominado como "Tribuna Nacional". Nela indica-se que o Fórum Económico Mundial quer bebés "criados em laboratório até 2030" e que a "tirania está a espalhar-se". Terá fundamento?

“WEF [Fórum Económico Mundial] proíbe a concepção natural: todos os bebés devem ser criados em laboratório até 2030. A tirania está a espalhar-se. As elites globais no Fórum Económico Mundial estão agora a fazer movimentos para controlar o material genético de cada criança que nasce no mundo nas gerações futuras”, lê-se num post no Facebook datado de 10 de junho que replica o conteúdo de uma notícia de um alegado jornal brasileiro denominado “Tribuna Nacional”.

A descrição que replica a notícia é acompanhada por um recorte de uma imagem – em que metade do rosto de Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum, é colocado ao lado de um feto – retirada do site brasileiro “Tribuna Nacional“. O site em questão descreve-se como “uma publicação de notícias internacionais e nacionais, comprometida em cobrir as manchetes das quais os principais meios de comunicação evitam” e já foi inclusive verificado pelo Polígrafo noutras ocasiões.
“De acordo com o WEF [Fórum Económico Mundial], a humanidade estará mais bem equipada para lidar com os desafios do futuro se os nascituros passarem por edição genética para garantir que estejam livres de doenças e deficiências, incluindo traços psicológicos que a elite desaprova”, descreve a suposta notícia.

Mais, o site aponta ainda que o FEM tem vindo a desenvolver “úteros artificiais que serão capazes de desenvolver um feto fora do corpo da mãe” e que “dada a natureza profundamente satânica da agenda do WEF, teria sido mais apropriado se os cientistas experimentassem trazer uma cabra com chifres à vida”.”Criar bebés humanos do zero em um laboratório pode ser possível em apenas cinco anos, graças a uma nova descoberta”, detalha-se ainda.

Será isto verdade?

O FEM é muitas vezes alvo de desinformação e teorias da conspiração que já foram verificadas pelo Polígrafo em diversas ocasiões (como pode ver aqui e aqui, por exemplo). A organização internacional não governamental criada em 1971 e sediada em Genebra, na Suíça, define-se como “independente, imparcial e não está vinculada a quaisquer interesses especiais”.

“O Fórum esforça-se em todos os seus esforços para demonstrar o empreendedorismo no interesse público global, ao mesmo tempo que defende os mais elevados padrões de governação. A integridade moral e intelectual está no centro de tudo o que faz”, lê-se no site da fundação sem fins lucrativos.

Por ser uma organização independente não governamental, o FEM não tem jurisdição legal para proibir a concepção natural ou criar leis como se indica no post do Facebook.

À plataforma “AFP Checamos”, o porta-voz do FEM, Yann Zopf, desmentiu a alegação no dia 19 de julho de 2023: “O Fórum Económico Mundial nunca pediu o fim da concepção natural nem pressionou para que os bebés fossem criados em laboratório. Essas são afirmações falsas para desacreditar o importante trabalho realizado pelo Fórum Económico Mundial sobre os graves desafios globais”.

Através de pesquisa tanto pelo site do FEM como nos meios de comunicação social, não se verifica qualquer evidência que credibilize a alegação publicada no site “Tribuna Nacional” e replicada no Facebook.

Embora exista investigação no âmbito do desenvolvimento de úteros artificiais, não existem declarações que apontem no sentido de proibir a concepção natural para a substituir por bebés criados em laboratório até 2030 ou recomendações desta natureza.

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Avaliação do Polígrafo:

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