“Eu foquei aqui num verme. Não acredito, não ponho nem mais uma máscara na minha cara. Eu pensei que fosse brincadeira e testei. Eu vi um vídeo onde o pessoal punha uma panela quente e deixava uma máscara por cima e o vapor saía. Tirei essa máscara agora, de uma caixa nova, e o verme está aqui. O mesmo verme do vídeo. Olha ele a mexer-se. Eu não volto a usar máscara”, pode ouvir-se numa das múltiplas gravações que têm sido partilhadas nas redes sociais.
Será verdade?
O Polígrafo submeteu duas máscaras (uma FPP2 e outra cirúrgica) ao teste. Recorrendo ao zoom do telemóvel, é de facto possível ver os mesmos fios pretos ainda que, ao contrário do que acontece no vídeo em análise, nenhum fio se tenha mexido.
A plataforma de verificação de factos da Agence France-Presse (AFP) fez um fact-check sobre este mesmo conteúdo e pediu a diversos especialistas que repetissem a experiência. Jana Nebesarova, professora adjunta do laboratório de Microscopia Eletrónica da Academia checa de Ciências, explicou à AFP que o mais provável é que fossem “pedaços de tecido“.
“O ar está cheio destes fragmentos de tecido que flutuam livremente junto com pólen, mofo, partes de células mortas da nossa pele, pedaços microscópicos de terra”, disse, sublinhando que as máscaras “podem conter fios que ficaram nas máscaras durante o processo de fabricação ou durante o manuseio, pouco antes de serem utilizadas”.
No mesmo sentido aponta Christian Scarlach, porta-voz da fabricante alemã D/Maske, que assegura que “as máscaras com uma boa eficiência de filtragem bacteriana têm uma carga electrostática particularmente alta”, o que permite que atraiam partículas para o tecido. “A carga electrostática atrai e filtra as fibras. Por exemplo, se levar uma máscara no bolso, as fibras aderem automaticamente à máscara”, sublinha.
Mas porque é que os aparentemente os fios se mexem? Os especialistas consultados pela AFP foram unânimes: eletricidade estática, efeito de vapor ou correntes de ar impercetíveis pelo ser humano.
Cristian Presură, físico e investigador do Laboratório de Investigação Phillips em Eindhoven, na Holanda, concluiu, num vídeo publicado no Youtube e após fazer várias experiências com múltiplos tecidos, que se tratam de “fibras têxteis pretas”.
“Aqui vemos como, após serem submetidas ao vapor, estas pequenas coisas pretas parecem mexer-se, como se se contorcessem, como se ganhassem vida”, descreve no vídeo. “Por que se movem? Porque o vapor que ainda está na máscara sobe e, desta forma, movimenta o que acredito que seja uma fibra têxtil”, frisou.
Em suma, é falso que os fios pretos que se veem nas máscaras se tratem de parasitas ou de vermes. São, sim, filamentos de tecido que se podem mover devido a eletricidade estática, vapor ou correntes de ar.
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Avaliação do Polígrafo: