"A Finlândia prefere preparar-se para sair do euro em vez de pagar as dívidas de outros países da Zona Euro, disse a ministra das Finanças, Jutta Urpilainen, no diário financeiro Kauppalehti, na sexta-feira. Queremos resolver a crise, mas não é de qualquer maneira", indica-se no texto da publicação, datada de 19 de abril de 2020.

"Já em 2012, 2014 e 2017, a Finlândia tinha dado sinais de não querer alimentar os maus gestores de certos países, e ultimamente diante da Covid-19, esses sinais não foram esquecidos. 'No entanto, a Finlândia não seguirá o euro a qualquer custo e estamos prontos para qualquer cenário, incluindo o abandono da moeda única europeia', declarou ela [ministra das Finanças]", acrescenta-se no mesmo texto.

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Em primeiro lugar, importa salientar que Jutta Urpilainen já não exerce o cargo de ministra das Finanças desde 2014. No final de 2019, aliás, assumiu as funções de comissária para as parcerias internacionais, na Comissão Europeia.

De facto, em 2012, quando ainda era ministra das Finanças no Governo do seu país, em entrevista ao jornal económico Kauppalehti, Urpilainen afirmou que "a Finlândia está comprometida em ser membro da Zona Euro e consideramos que o euro é útil para a Finlândia", acrescentando porém que "a Finlândia não se prenderá ao euro a qualquer custo e estamos preparados para todos os cenários".

"A responsabilidade coletiva pelas dívidas e os riscos de outros países não é algo para o qual [a Finlândia] se deva preparar", sublinhou Urpilainen na mesma entrevista. Nessa altura, em plena crise das dívidas soberanas no seio da União Europeia, o Governo da Finlândia expressou também preocupação relativamente a um acordo firmado em Bruxelas no sentido de utilizar o Mecanismo de Estabilidade Europeu para comprar títulos de dívida, de forma a amenizar os custos dos empréstimos que estavam a pressionar as economias mais vulneráveis da Zona Euro.

Concluindo, a publicação sob análise contém vários erros e logros. Desde logo ao apresentar Urpilainen como ministra das Finanças da Finlândia, cargo que já não exerce desde 2014. Depois ao recuperar uma citação de Urpilainen a partir de uma entrevista de 2012 e apresentá-la como se fosse atual, em pleno período de pandemia do coronavírus em 2020.

Acresce ainda uma clara extrapolação do sentido da citação no título, como se a declaração na entrevista de 2012 tivesse sido um "anúncio oficial" do Estado finlandês de que "prefere deixar o euro do que pagar as dívidas de outros". Trata-se de uma interpretação abusiva e sensacionalista.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

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Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações "Falso" ou "Maioritariamente falso" nos sites de verificadores de factos.

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