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Ferro Rodrigues utilizou várias vezes a palavra “vergonha” quando era líder parlamentar do PS?

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O que está em causa?
Publicação com origem em páginas de apoio a André Ventura, deputado e líder do Chega, enumera uma série de citações atribuídas a Eduardo Ferro Rodrigues em que o então líder parlamentar do PS supostamente utiliza a palavra "vergonha" ao intervir na Assembleia da República. Verdade ou mentira?

“O senhor deputado utiliza as palavras ‘vergonha’ e ‘vergonhoso’ com demasiada facilidade, o que ofende o Parlamento e ofende-o a si também”, declarou o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, no dia 12 de dezembro, motivando aplausos na bancada parlamentar do PS. Dirigia-se a André Ventura, deputado e líder do Chega, que pediu uma “defesa de honra” e retorquiu: “Um deputado utiliza as expressões que entender em nome da liberdade de expressão“.

“Não há liberdade de expressão quando se ultrapassa a liberdade dos outros, que é o que o senhor faz”, contrapôs Ferro Rodrigues. “É uma vergonha o que se está a passar neste Parlamento”, insistiu Ventura, antes de lhe ser cortada a palavra.

A discussão saltou da Assembleia da República para as redes sociais, originando diversas publicações que sublinham citações de Ferro Rodrigues em que a palavra “vergonha” também é utilizada. Uma dessas publicações, criada em páginas de apoio a Ventura e ao Chega, recolhe uma série de citações (todas de 2015, quando Ferro Rodrigues presidia à bancada parlamentar do PS, na oposição ao Governo de coligação PSD/CDS-PP) e tem sido amplamente partilhada no Facebook.

É verdade que Ferro Rodrigues utilizou várias vezes a palavra “vergonha” quando era líder parlamentar do PS?

A publicação em causa repete várias citações, através de títulos diferentes, mas em pelo menos quatro situações verifica-se que Ferro Rodrigues utilizou, de facto, a palavra “vergonha” em intervenções como líder parlamentar do PS.

Essas citações podem ser confirmadas em artigos de jornais ou reportagens televisivas.

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“‘O que se está a passar na TAP é uma vergonha para o seu Governo. Não é um sindicato [de pilotos] contra a privatização que lançou esta greve. Sim, o sindicato tem grande responsabilidade pelo que se vive hoje na TAP, mas é o Governo o principal responsável ao insistir na privatização, neste extremo e neste momento’, declarou Ferro Rodrigues”.

“Ferro Rodrigues disse ainda que é uma ‘vergonha‘ e um ‘descaramento eleitoralista’ avançarem também, para jovens de 30 anos, com estágios de seis meses, a partir da pré-campanha eleitoral”.

[in jornal “Expresso“, 06/05/2015].

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“No debate quinzenal, Ferro Rodrigues acusou o Governo de ‘eleitoralismo’ por estar a preparar uma rotação diplomática a meses das eleições legislativas. ‘É uma vergonha‘, acusou”.

[inObservador“, 06/05/2015].

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“Numa fase da sua intervenção em que defendia a existência de um aumento das desigualdades sociais nos últimos três anos e em que se insurgia contra os cortes nas prestações sociais, o líder parlamentar do PS disse: “É uma vergonha tantas famílias viveram numa situação de miséria e terem ficado sem direitos em matéria de rendimento social de inserção, muitas vezes por problemas burocráticos e de incapacidade de responder atempadamente a determinadas solicitações do sistema”.

[inSIC Notícias“, 13/03/2015].

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Em suma, apesar de extrapolar quatro citações para 11 exemplos, a publicação não deixa de ser verdadeira. Confirma-se que Ferro Rodrigues utilizou várias vezes a palavra “vergonha” quando era líder parlamentar do PS, na oposição ao Governo liderado por Pedro Passos Coelho.

A polémica entre Ventura e Ferro Rodrigues já motivou uma petição pública visando a destituição do presidente da Assembleia da República. Logo após a discussão sobre a palavra “vergonha”, aliás, Ventura exigiu um pedido de desculpas de Ferro Rodrigues e pediu uma audiência urgente ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Entretanto, um cartaz do partido Chega, com a mensagem “#vergonha“, surgiu ontem nas imediações da Assembleia da República.

“Decidimos colocar este cartaz mesmo em frente à Assembleia da República, com dois sentidos: expressar a nossa indignação pelo que ali ocorreu, que dá corpo ao sentimento de muitos portugueses que pensam, de facto, que a casa da democracia se está a tornar numa vergonha; por outro, deixar muito claro, quer a Ferro Rodrigues, quer às bancadas, que de forma entusiástica o aplaudiram na sua decisão de nos censurar, que nós não vamos deixar de usar a palavra vergonha“, garantiu Ventura, em declarações à rádio TSF.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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