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Fernando Medina: “A economia portuguesa está a crescer acima de cada um dos países da União Europeia”

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Em audição na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, a 14 de setembro, respondendo a um deputado do PSD, o ministro das Finanças garantiu que a economia portuguesa não está apenas a crescer acima da média da União Europeia, mas acima de todos os países da União Europeia. Tem razão?

“Senhor deputado, era bom que atualizasse a sua informação relativamente ao andamento da economia portuguesa. Porque a repetição de uma retórica, muitas vezes, não faz dela verdade. É que a economia portuguesa não está [apenas] a crescer acima da média da União Europeia, a economia portuguesa está a crescer acima de cada um dos países da União Europeia“, afirmou Fernando Medina, ministro das Finanças, no dia 14 de setembro, no decurso de uma audição na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças.

Tem razão?

De acordo com os últimos dados do Eurostat, serviço de estatística da União Europeia, divulgados a 7 de setembro, o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal cresceu 7,1% no segundo trimestre de 2022 em comparação com o período homólogo de 2021.

Acima da média da União Europeia (4,2%) e da Zona Euro (4,1%), confirma-se.

Apesar desse crescimento substancial, não é o maior entre todos os Estados-membros da União Europeia, ao contrário do que afirmou Medina na Assembleia da República.

cinco países que registaram um crescimento mais elevado no segundo trimestre de 2022, em comparação com o período homólogo de 2021, a saber: Irlanda (10,8%), Malta (8,9%), Eslovénia (8,3%), Croácia (7,8%) e Grécia (7,7%).

Aliás, na comparação com o primeiro trimestre de 2022, Portugal apresenta uma variação nula de 0%, abaixo da média da União Europeia (0,7%) e da Zona Euro (0,8%) e, individualmente, superando apenas quatro países que registaram variações negativas, a saber: Polónia (-2,1%), Estónia (-1,3%), Letónia (-1%) e Lituânia (-0,5%).

O ministro das Finanças estaria a referir-se ao boletim de “Previsões Económicas – Verão 2022“, elaborado pela Comissão Europeia, no qual se estima que o PIB de Portugal deverá crescer 6,5% na totalidade do ano de 2022.

É a maior previsão de crescimento entre todos os países da União Europeia, seguindo-se a Eslovénia (5,4%) e a Irlanda (5,3%).

Mas trata-se de uma previsão, baseada em estimativas para a totalidade do ano de 2022, quando ainda nem chegámos ao quarto e último trimestre do mesmo. Pelo que aplicamos o selo de “Falso” na declaração em causa de Medina.

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Nota editorial:

Na sequência da publicação deste artigo recebemos da parte do gabinete do ministro das Finanças, ao final da tarde do dia 19 de setembro, uma resposta em que se defende que “a utilização da expressão ‘está a crescer’ na argumentação – usada pelo ministro e pelo deputado – é totalmente aceitável quando está em causa uma troca de argumentos que assenta em previsões e em gráficos de ambos os lados. Neste contexto, o Polígrafo opta por ignorar o contexto e por analisar a literalidade da frase, desligando-a do debate”.

Ora, o deputado Hugo Carneiro, do PSD, utilizou o tempo presente na justa medida em que estaria a colocar em causa a fiabilidade das projeções da Comissão Europeia, apontando para outros dados e cálculos e sublinhando que “aquilo que vemos é que Portugal estará abaixo”, contrariando assim “esse sucesso de crescimento que o Governo tentou anunciar”. Carneiro tinha conhecimento das projeções da Comissão Europeia, pelo que não faz sentido considerar que estaria a adulterar os resultados dessas mesmas projeções.

Na resposta, Medina disse que “era bom que atualizasse a sua informação relativamente ao andamento da economia portuguesa” e, assumindo claramente o tempo presente, garantiu que “a economia portuguesa está a crescer acima de cada um dos países da União Europeia”. Não fez qualquer referência a projeções ou estimativas, apresentando este crescimento económico acima de todos os países da União Europeia como estando a acontecer no presente, ou como facto consumado. Afinal baseava-se em estimativas para o total do ano de 2022, quando ainda nem chegámos ao último trimestre do mesmo. Apesar da argumentação do gabinete do ministro, a frase não deixa de ser enganadora, pelo que mantemos a avaliação original deste artigo.

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Avaliação do Polígrafo:

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