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Ex-juíza francesa anti-corrupção critica a justiça portuguesa por ter detido Rui Pinto?

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Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Publicação na página "Portal dos Dragões" destaca que Eva Joly, a ex-juíza francesa anti-corrupção, escreveu um artigo de opinião no qual argumenta que "Portugal precisa de atualizar a sua legislação para combater efetivamente a corrupção no futebol" e "está a dar um péssimo passo ao tratar Rui Pinto desta maneira". Vários utilizadores do Facebook denunciaram este conteúdo como sendo "fake news". Confirma-se? Verificação de factos.

Eva Joly, a ex-juíza francesa anti-corrupção, pronunciou-se sobre a forma como a justiça portuguesa tem lidado com o caso Rui Pinto. Num artigo de opinião publicado no portal Mediapart, a ex-magistrada refere que ‘Portugal precisa de atualizar a sua legislação para combater efetivamente a corrupção no futebol. Caso contrário, Portugal será simplesmente percebido como um sistema de justiça à moda antiga que protege os poderosos e corruptos e aprisiona quem fala. Líderes políticos e cidadãos portugueses, cabe a vocês agirem'”, lê-se no texto da publicação em causa.

De acordo com o mesmo texto, “Eva Joly detalha que Rui Pinto colaborou ativamente, por exemplo, com o Ministério Público Nacional de França, que até lhe deu oportunidade de se ‘candidatar ao programa de proteção a testemunhas‘. Aliás, a Signals Network, uma organização sem fins lucrativos que apoia denunciantes, incluindo Rui Pinto, estima que 35 milhões de euros em multas já foram aplicadas a infratores graças às informações reveladas pela Football Leaks’. Mas esta colaboração cessou assim que Rui Pinto foi detido. A ‘detenção em Portugal atrasa o trabalho de outros países no combate à corrupção no futebol‘, acusa”.

 

Vários utilizadores do Facebook denunciaram este conteúdo que está a circular nessa rede social como sendo fake news. Confirma-se?

Não. O referido artigo de opinião de Eva Joly está disponível no portal Mediapart (pode consultar aqui), tendo sido publicado no dia 7 de outubro de 2019. A tradução para a língua portuguesa e interpretação que é feita do mesmo na publicação do “Portal dos Dragões” estão corretas, sem nenhum erro ou deturpação a apontar.

Aliás, o artigo em causa da antiga magistrada foi também traduzido e publicado no jornal “Expresso” (pode consultar aqui), pouco tempo depois, no dia 11 de outubro de 2019.

“Numa altura em que a União Europeia acaba de adotar uma diretiva para melhor proteger os whistleblowers, Portugal está a seguir um caminho errado ao tratar Rui Pinto desta forma“, sublinhou Eva Joly, ex-juíza franco-norueguesa. “Enquanto Rui Pinto está preso em Portugal, procuradores de nove países – incluindo França, Bélgica, Espanha, Holanda e Reino Unido – iniciaram investigações judiciais com base nas revelações do Football Leaks“.

“De facto, a colaboração de Rui Pinto com sistemas judiciais estrangeiros parou desde que foi preso em Portugal. A sua detenção em Portugal está a atrasar o trabalho que outros países estão a fazer para combater a corrupção no futebol“, acusa. “O que está Portugal a fazer para combater a corrupção na indústria do futebol? Nada? Está Portugal a investigar a corrupção revelada pelo Football Leaks? A resposta curta é não. As autoridades portuguesas consideram que não podem utilizar as revelações do Football Leaks, considerando que essas informações foram obtidas ilegalmente”.

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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “verdadeiro” ou “maioritariamente verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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